Num choque inesperado, a McLaren separou-se do seu chefe de equipa de IndyCar, Gavin Ward, um homem cujo currículo brilhante inclui trabalhar sob a lendária direção de Adrian Newey, engenharia de carros campeões na Red Bull e conquistar um título de IndyCar com a Team Penske na sua primeira tentativa. Para uma equipa celebrada pelas suas decisões audaciosas, esta decisão é um verdadeiro chamariz, deixando fãs e comentadores a questionar a lógica por trás de libertar um vencedor comprovado após a melhor temporada da McLaren em anos.

Porquê Ward, Porquê Agora?

A saída de Ward, que a McLaren insiste ter sido uma decisão sua, ocorre enquanto a equipa enfrenta dores de crescimento na tentativa de se estabelecer como uma concorrente regular na IndyCar. Após a transição da Schmidt Peterson Motorsports em 2020, a McLaren fez investimentos significativos para subir na classificação, expandindo a sua lista, modernizando as instalações e passando de dois para três carros a tempo inteiro, com quatro entradas em eventos de destaque como as 500 Milhas de Indianapolis.

Mas porque é que Ward—creditado por criar uma cultura de trabalho mais saudável e por levar a McLaren à sua temporada mais forte desde que entrou na IndyCar—se viu sem emprego? De acordo com o CEO da McLaren, Zak Brown, a decisão teve a ver com alinhar a liderança da equipa com as suas ambições futuras.

“Crescemos substancialmente e, avançando, sentimos que uma mudança era necessária,” disse Brown. “Isto não teve a ver com conflitos de personalidade ou insatisfação com o Gavin. Trata-se de dar a outros dentro da equipa a oportunidade de se expandirem e levar-nos ao próximo nível.”

Enquanto Brown enchia Ward de elogios durante o anúncio, o chefe da equipa estava conspicuamente ausente da chamada de imprensa que o acompanhava, deixando a sua perspetiva sobre a mudança um mistério.

Uma Equipa em Transição

As declarações de Brown indicam que a McLaren está a procurar replicar a sua estrutura da Fórmula 1, empregando um modelo de “equipa de liderança sénior” em vez de depender de um único chefe de equipa. O Vice-Chefe de Equipa da IndyCar, Tony Kanaan, o Gestor Geral Brian Barnhart e outros irão guiar coletivamente a operação, com Brown a atuar como desempate para decisões importantes.

Kanaan, um ícone das corridas por direito próprio, minimizou quaisquer ambições de assumir permanentemente o cargo de chefe de equipa, dizendo: “Farei o que a equipa precisar que eu faça.”

A reestruturação da liderança da McLaren também coincide com uma série de contratações. Nas últimas duas épocas de defeso, a equipa adicionou mais de 60 funcionários aos seus quadros—um número que rivaliza com o total de pessoal de algumas equipas inteiras da IndyCar. Estas movimentações sinalizam o compromisso da McLaren com o crescimento, mas a saída de Ward, que foi fundamental para orientar a equipa durante esta expansão, levanta sobrancelhas.

O Legado de Ward e a Aposta da McLaren

As contribuições de Ward para a McLaren são inegáveis. Desde os seus dias na Red Bull, onde ajudou a desenhar a primeira caixa de mudanças sem interrupções do desporto e colaborou com estrelas da F1 como Mark Webber e Daniel Ricciardo, até à sua passagem vitoriosa pela Penske, Ward tem um histórico comprovado de sucesso. A sua passagem pela McLaren viu a equipa competir fortemente nas 500 Milhas de Indianápolis e alcançar a sua época mais competitiva desde o regresso à IndyCar.

No entanto, os críticos argumentam que a decisão da McLaren de se separar de Ward parece contra-intuitiva. Como Brown reconheceu, o talento de engenharia e a liderança de Ward ajudaram a elevar o desempenho da equipa durante um ano turbulento marcado pela rotatividade de pilotos e uma onda sem precedentes de contratações. Agora, enquanto a McLaren se prepara para se estabelecer numa nova sede e solidificar o seu lugar entre os elites da IndyCar, deve fazê-lo sem o homem que desempenhou um papel fundamental na sua recuperação.

O que vem a seguir para Ward—e McLaren?

A saída de Ward abre a porta a uma série de especulações sobre o seu próximo passo. Com a sua experiência, é provável que receba propostas de todos os lados nos paddocks da IndyCar e da Fórmula 1. No entanto, uma potencial cláusula de não concorrência pode atrasar o seu regresso às pistas, uma estipulação comum para membros de alta patente nas equipas de automobilismo.

Entretanto, a McLaren insiste que a decisão de se separar de Ward faz parte de um plano mais amplo para garantir a estabilidade a longo prazo. Brown insinuou que anúncios futuros poderiam remodelar ainda mais o futuro da equipa, incluindo potenciais expansões da participação da McLaren no seu programa de IndyCar.

Por agora, a mudança continua a ser uma aposta arrojada para uma equipa que se esforça por colmatar a distância entre a ambição e a realização. Se a aposta da McLaren irá compensar ou falhar de forma espetacular, isso desenrolar-se-á nas temporadas vindouras. Quanto a Gavin Ward, uma coisa é certa: a sua história no desporto motorizado está longe de estar terminada.