O agente Miguel Pinho e seu pai, Luís Miguel Pinho, estão acusados de forma individual de corrupção ativa, em certidões retiradas do badalado «Caso dos Emails». A informação foi confirmada pelo zerozero no despacho do Ministério Público, datado de 9 de outubro de 2024.

Segundo a investigação, os empresários aliciaram Edgar Costa - então ao serviço do Marítimo - e pediram ao extremo para «jogar mal e não rematar à baliza», no encontro entre os insulares e o Benfica a 8 de maio de 2016.

«No decurso do inquérito recolheram-se indícios de que nos dias 6 ou 7 de maio de 2016, Miguel Rúben Macedo Pinho e Luís Miguel Gonçalves Pinho abordaram Edgar Costa (...) e, identificando-se como empresários de futebol, propuseram-lhe a oferta da quantia pecuniária de 30.000,00€ para que, no jogo a decorrer no dia 8 de maio de 2016 entre a sua equipa e o Benfica, efetuasse uma prestação desportiva contrária aos interesses do Marítimo», lê-se no despacho.

Segundo o Ministério Público, os empresários prometeram ao jogador um melhor contrato num novo clube. Edgar Costa terá rejeitado de forma imediata esta proposta.

No despacho esclarece-se, também, que não foram recolhidos «indícios suficientes» que provassem a atuação de pai e filho em representação do Benfica.

O nome de Miguel Pinho surge envolvido em outras situações que justificaram a investigação do MP, nomeadamente na transferência de Aires Sousa do Nacional para o Benfica. Apesar de não ter participado no processo, Pinho foi indicado como intermediário pelo Benfica.

«Não obstante não ter participado nas negociações nem ter fornecido qualquer assistência na negociação, foi introduzido no contrato o arguido Luís Miguel Gonçalves Pinho, através da sociedade de agenciamento POSITIONUMBER, UNIPESSOAL, LDA, da qual o mesmo era sócio gerente. Na sequência do referido contrato, foi paga pela SPORT LISBOA E BENFICA FUTEBOL SAD à POSITIONUMBER, UNIPESSOAL, LDA uma comissão, formalizada pela fatura 1/13, de 10/02/2016, no valor de 25.000,00€, ao qual acresceu IVA no valor de 5.750€, perfazendo assim o valor total de 30.750,00€.»

O MP acrescenta que o pagamento desses 30 mil euros a Miguel Pinho foi realizado «precisamente dois dias úteis antes da data do jogo que o SPORT LISBOA E BENFICA disputou com o CLUB SPORT MARÍTIMO, realizado em 08 de maio de 2016».

O jogo que teriam motivado, defende o MP, a tentativa de corrupção sobre Edgar Costa, jogador maritimista.

O agente Miguel Pinho defendeu-se nas últimas horas destas acusações e apontou os factos como «falsos». Veja em baixo o comunicado na íntegra.

«1- Os factos são absolutamente falsos;

2- Não só nunca abordei qualquer jogador para prejudicar a sua equipa, como não existem quaisquer provas disso, como, ainda, não se vê que interesse poderia ter em fazer um contacto dessa natureza.

3- Fui hoje notificado do arquivamento do inquérito porque o Ministério Público considerou que não havia quaisquer provas da abordagem de qualquer jogador a pedido do Benfica;

4- Desconheço a existência de qualquer outra investigação.»