Parecia uma brincadeira, matéria para esfregar bem os olhos para correr com eventuais impurezas que estivessem a obstruir a visão. Na semana passada, quando a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2025 viu a luz, pesquisar no documento pelo Desporto retribuiu um espanto: a verba destinada ao setor era de €42,5 milhões, uma redução de 15,5% face ao ano anterior e drástica carência por comparação ao último ano pré-pandemia (2019). A surpresa alastrou-se por tudo quanto eram responsáveis e cabeças da área, incluindo a Confederação do Desporto de Portugal.
De imediato as críticas amontoaram-se, com origens múltiplas. À entidade juntou-se o Comité Olímpico de Portugal no pasmo assumido publicamente. Mas, nem 24 horas volvidas, o Governo clarificou a questão. Fosse pelo clamor que visou o valor original ou pela “inconsistência na classificação dos valores afetos ao desporto por parte de algumas entidades”, justificação dada oficialmente, a verba foi corrigida para os €54,5 milhões, logo um aumento de 8,3% face a 2024.
Antes do anúncio público da emenda, a Confederação do Desporto de Portugal já se tinha posto a mexer. Daniel Monteiro, o seu presidente, dissera estar em contacto com os líderes das federações desportivas do país para convocar uma cimeira que os reunisse com o objetivo de discutirem o investimento pensado pelo Governo para o setor. As datas estimadas, necessariamente, seriam antes da proposta de OE ser discutida e votada no Parlamento, em novembro. E mesmo com a correção feita, a reunião vai mesmo realizar-se.
Com o intuito de chegarem à “definição e o anúncio de uma posição conjunta” para ser apresentada ao Governo de Luís Montenegro, a entidade avança, em comunicado, que se irá “avaliar o real impacto das medidas orçamentais” em concreto no “sentido de alavancar o desenvolvimento das modalidades e a diversidade de oferta desportiva, de criar melhores condições de acesso e prática do Desporto e de potenciar a sustentabilidade dos clubes, associações e federações desportivas”.
A cimeira será a 21 de outubro e a adesão, no dia do anúncio, esta quinta-feira, era de 32 presidentes das federações desportivas - existem 60 em Portugal com o estatuto de utilidade pública, além dos Comités Olímpico e Paralímpico, organizações supranacionais à semelhança da Confederação do Desporto. A reunião é salientada por Daniel Monteiro como de “extrema importância para o futuro imediato” do setor no país.