A acusação do Ministério Público (MP) veio a público na quarta-feira, trazendo com ela as suspeitas que a procuradora encarregue de conduzir a investigação ao caso dos emails deixou escritas: devido aos atos que imputa a Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves, respetivamente os antigos presidente e assessor jurídico do Benfica, ambos deveriam, na sua opinião, ser condenados por crimes de corrupção desportiva e fraude fiscal devido a um esquema de transferências fictícias de futebolistas para desviar dinheiro dos cofres do clube.
Mas, segundo o ex-líder do Benfica, nada há a temer. Em declarações à “CNN”, Vieira disse, esta quinta-feira, que “as acusações não têm qualquer fundamento” e que o clube “e os benfiquistas podem dormir descansados”, aconselhando a que “continuem focados para ganhar no campo”. A reação do presidente dos encarnados entre 2003 e 2021 está em consonância com a postura assumida logo quando ficou conhecido o conteúdo da acusação.
Na quarta-feira, pouco demorou a que o Benfica reagisse publicamente, assegurando que se “defenderá, sem hesitar, de todas as acusações infundadas”. No próprio dia, face “ao que era possível analisar”, atribuiu esse estatuto a todas elas - o MP alega que existia “um plano criminoso”, idealizado por Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves, com a conivência de responsáveis do Vitória de Setúbal, para a “disponibilização de fundos pela Benfica SAD e favor da Vitória SAD”, que terá durado três épocas (entre 2016 e 2019).
O propósito seria obter “resultados favoráveis” não só em jogos entre os dois clubes, mas, alegadamente, noutros que opunham os sadinos ao FC Porto e ao Sporting. Em paralelo, a acusação suspeita que várias transferências fictícias de jogadores entre Benfica e Vitória aconteceram para que o clube setubalense tivesse verbas para lidar com as suas dificuldades financeiras, em troca de supostos favorecimentos dados aos encarnados no campo, no direito de preferência por jogadores ou em votações no seio da Liga de Clubes.