A sexta jornada da Liga Portugal Betclic também passa pelo Estádio D. Afonso Henriques. O Vitória SC, depois de derrotar o SC Braga no Dérbi Minhoto, mede forças com o FC Porto, que triunfou diante do Farense por 2-1. Duas equipas num bom momento de forma e que apenas conheceram o sabor da derrota numa ocasião: diante do AVS e Sporting, respetivamente.
Este embate, aliás, será a 182ª edição entre duas equipas que ocupam, neste momento, dois lugares do pódio do campeonato português. Apesar de estarmos numa fase prematura da época, o jogo assume especial importância, uma vez que irá permitir - em caso de vitória de qualquer um dos lados - encurtar distâncias para o primeiro lugar, atualmente ocupado pelo Sporting.
90 Jogos, 20V 23E 47D (DG: 85-146)
Últimos Resultados:
23/24: VSC 1-2 FCP
23/24: VSC 1-2 FCP
23/24: VSC 0-1 FCP
23/24: VSC 3-1 FCP
22/23: VSC 2-1 FCP
ver mais �
A lista, essa, é infindável e não faltavam hipóteses de escolha.
Estivemos à conversa com Fredrik Söderström, atualmente com 51 anos e que passou pelos dois clubes entre 1996 e 2002, e com Rubens Júnior, defesa esquerdo brasileiro que esteve no campeonato português entre 1999 e 2004.
«Ainda hoje vou a Guimarães e sinto aquele aperto no coração»
Não é todos os dias que vemos um sueco nos nossos campeonatos: Deniz Gül foi o último a chegar à Liga Portugal Betclic, na sequência de uma transferência proveniente do Hammarby. Em 1996/1997, há 28 anos, aterrou na cidade de Guimarães um médio sueco de 24 anos, que representava o IK Brage. Fredrik Söderström. Ainda se lembra dele?
«O futebol português contava (e conta) com mais qualidade comparativamente à Liga Sueca. Tinha estado na I Divisão, porém, acabámos por descer e decidi dar outro rumo à minha carreira. 'Saltei' para o Vitória SC, ou seja, passei do segundo escalão sueco para uma das melhores equipas em Portugal», começou por referir, em declarações ao zerozero.
O camisola 14, durante a sua estadia na Cidade de Berço, realizou 137 jogos, sendo uma das peças mais importantes para todos os treinadores que passaram pelo banco de suplentes vitoriano. «Lembro-me desses momentos com muita alegria à mistura. Ainda hoje vou a Guimarães e sinto aquele aperto positivo no coração. O Vitória SC é muito grande», acrescentou.
Fredrik Söderström, apesar de ser um jogador com bastantes minutos nas pernas, nunca foi goleador. No total, apontou 12 tentos. Qual o maior destaque nessa lista, pergunta o leitor?
Um golo contra... o FC Porto. No antigo Estádio Municipal de Guimarães, os dragões, com Vítor Baia, Jorge Costa, Aloísio, Rui Barros ou Mário Jardel no onze inicial, defrontaram a turma da casa e o objetivo passava por continuar na liderança do campeonato. Os três grandes problemas? Riva, Edmilson e Fredrik Söderström, os responsáveis pela derrota.
«Lembro-me perfeitamente dessa partida! Fiquei isolado diante do Vítor Baia e fiz um pequeno 'chapéu' para conseguir marcar. Também tenho memórias da semana de preparação, pois estive com problemas musculares e contei com alguns problemas no treino, por isso é que comecei no banco de suplentes. Apesar de eles terem algumas estrelas, nunca tive medo de ninguém [risos], pese embora a experiência e qualidade do outro lado. Todos acabam por ter dois pés e dois braços [risos]. Fiz outros jogos contra o FC Porto e acho que estive sempre bem. Gostava muito daqueles encontros de maior dimensão, onde tudo ficava mais difícil e duro», contou.
«Tu sentes que jogas sempre com mais um devido à massa associativa, seja em casa ou fora de portas. É impressionante. Eles também são muito duros, mas se tu deixares tudo em campo e repetires sempre isso, ganhas a confiança deles, independentemente se jogares bem ou mal. Caso contrário, vais ter problemas [risos]», atirou.
O antigo médio não se cansa de elogiar a primeira equipa que representou no estrangeiro. «Quando olho para trás... [pausa] É um dos maiores clubes em Portugal por causa dos adeptos, da história e da paixão envolvida. Falo com muito carinho dessa altura, pois o Vitória SC vai estar para sempre no meu coração. Foram tempos especiais», conta.
«Nós corrigimos os erros das pessoas que amamos»
Rubens Júnior acabou por fazer o caminho 'inverso'. O lateral esquerdo brasileiro, atualmente com 49 anos, deu nas vistas no Coritiba, antes de assinar pelo FC Porto. Em 1999/2000 começou a demonstrar a sua qualidade e esteve presente em 28 jogos (um golo e quatro assistências).
«A minha ida para Portugal foi curiosa. Jogava no Coritiba por empréstimo do Palmeiras e dei nas vistas durante essa altura. Os scouts do FC Porto começaram a acompanhar os jogos por causa de um central que estava perto da seleção brasileira, mas acabaram por gostar de mim. No final de uma dessas partidas, decidiram entrar em contacto comigo e negociámos durante algum tempo», explicou.
Tal como já referido anteriormente, o antigo atleta realizou 28 partidas na sua primeira passagem pelos azuis e brancos, mas acabou por não ter continuidade no emblema da Invicta.
«O FC Porto ajudou-me a crescer muito enquanto ser humano e atleta. Sei que as dificuldades que tive de ultrapassar lá foram importantes para mim, ou seja, consegui aprender. Partilho da opinião de que não fui tão correto comigo mesmo em determinadas situações relacionadas com ansiedade ou tomar a melhor decisão possível... Nós corrigimos os erros das pessoas que amamos e eu acredito que o FC Porto, naquela altura, gostava muito de mim. Às vezes não temos tempo para crescer e hoje percebo isso. Tento passar esse conhecimento a quem puder ajudar», atirou.
Ainda assim, não guarda mágoa, muito pelo contrário. Nos dias que correm, guarda com delicadeza o afeto demonstrado pela massa adepta. «Sinceramente, existem três clubes pelos quais eu tenho um grande carinho. Comecei a gostar muito do Palmeiras. Foi aí que dei os primeiros passos e onde conquistei grandes coisas. Identifiquei-me mais com os adeptos no FC Porto e no Coritiba», disse.
A partir daí, seguiram-se passagens pelo Atlético Paranaense, Atlético Mineiro e Botafogo. Não nos podemos esquecer, claro, de um curto regresso aos dragões em 2002. A aventura lusitana, porém, ganhou outros contornos entre 2003 e 2004, altura em que foi emprestado ao Vitória SC.
Ligação Guimarães - Porto e Porto - Guimarães
Utilizamos essa transferência para fazer uma pequena «ponte» para as mudanças de Rubens Júnior e Fredrik Söderström. Comecemos pelo primeiro nome mencionado. O brasileiro tentou ganhar o seu espaço em Guimarães, após um período sem muito tempo de utilização.
«Lembro-me vagamente de ter jogado contra o Vitória SC, em 2001. Entrei a partir do banco de suplentes. Perdemos por 2-0, marcaram o Marco Couto e o Nuno Santos. Comecei a acompanhar cada vez mais o clube e a conhecer a sua história. Quando o FC Porto decidiu emprestar-me, tinha outras possibilidades no campeonato português, mas optei pelo Vitória SC. Era o que eu queria», afirmou.
«Oportunidades e momentos, acima de tudo. Sempre joguei em grandes emblemas e isso mexe sempre com a cabeça de um jogador. É motivador. Hoje, se calhar, tinha ficado mais tempo no Vitória SC devido à tranquilidade e consistência, de forma a ganhar maturidade. Isso é importantíssimo, mas naquela altura queria ter outras experiências. Era apaixonado por jogar noutras paragens. Assistia a jogos de outros emblemas e dizia que queria jogar lá ou viver nessa cidade. Recordo-me que era muito assim. Lembro-me de procurar uma solução de cada vez que não jogava. Gostava muito e não vejo qualquer problema», argumentou.
O caso de Fredrik é bastante distinto. Depois de dar nas vistas com insistência com a camisola do Vitória SC, assinou pelo FC Porto em 2001/2002. «Foi um passo natural, mas ao mesmo tempo complicado. Gostei muito de estar em Guimarães e senti que era um clube onde gostava de jogar durante toda a minha carreira. Pensei em terminar lá a minha carreira, porém, a vida levou-me para outro caminho. Quando uma equipa como o FC Porto liga, é impossível dizer que não», atirou.
«O FC Porto, numa fase posterior, contratou o Nuno Valente e acabei por perder espaço. Eu estava habituado a ser titular e, para além disso, lesionei-me durante dois meses. Não me sentia feliz e queria ter o meu espaço no onze inicial. Decidi experimentar outro campeonato, o belga. Assinei pelo Standard Liège, que tem adeptos fantásticos. Valeu totalmente a pena», confidencia.
Margem mínima
A viagem ao passado terminou. Foquemos atenções no encontro do próximo sábado, às 18h00. Como é que os dois antigos atletas olham para este jogo entre duas equipas em boa forma? «O FC Porto contra o Vitória SC é sempre um encontro importante, ainda para mais agora, que estão no pódio e com os mesmo pontos. São dois emblemas que, neste início de temporada, estão a voar. Vai ser um duelo duro, acima de tudo, os jogadores sabem disso. Os forasteiros viajam até Guimarães com muito respeito, com vontade de ganhar e cientes de que é uma das deslocações mais complicadas do campeonato», afirmou o sueco.
Os 'dados estão lançados'. Rubens Júnior e Fredrik Söderström já fizeram a antevisão para um dos encontros da jornada da Liga Portugal Betclic. Conquistadores e dragões, quem levará a melhor para construir ainda mais confiança para a respetiva campanha? Que role a bola.