Semana de Benfica-Atlético Madrid para a Liga dos Campeões é altura para procurar pontos de contacto e em Espanha identificou-se rapidamente um, mas pela ausência: João Félix, que foi revelado em Lisboa, no palco do jogo desta quarta-feira, e foi depois vendido por muitos milhões aos espanhóis, e agora é jogador do Chelsea.

O jornal Marca falou com Rui Vitória, primeiro a lançar o jogador na equipa principal do Benfica. «Tivemos um processo gradual de integração do João na equipa principal até ele se tornar titular. Tinha recursos fantásticos e uma grande capacidade de decisão, quando estava perto da área era muito inteligente e tornava as coisas muito simples. Mas nós, nessa altura, tínhamos mudado o sistema para 4x3x3, o que, pelas suas características, não facilitou muito a integração, pois o João jogava mais por dentro e não com as alas abertas como nós fazíamos. Mas sempre que foi necessário, deu uma resposta muito boa. Marcou um golo muito importante contra o Sporting e, a partir daí, foi melhorando cada vez mais, foi fantástico», recordou o treinador.

A passagem para Madrid muito jovem, e por 127 milhões de euros, foi também comentada. «Pensava que ele tinha muito potencial, mas também sabia que os jogadores dependem muitas vezes do contexto em que estão inseridos. Era um jogador diferente, também na mentalidade, e percebi que tinha de jogar perto da área adversária, mas também tinha de dar uma resposta positiva. Percebi que ele tinha condições para ser um grande jogador», referiu, não conseguindo encontrar motivos para não se ter afirmado definitivamente na equipa de Diego Simeone:

«É difícil saber, porque não sei o que se passou dentro da equipa. Penso que talvez pela cultura do clube, o Atlético é uma equipa que corre, trabalha muito e joga baixo e estar a uma certa distância da área adversária pode ser um dos problemas. Mas não sei o que aconteceu ao jogador e à sua vida, nem sei o que teria acontecido se tivesse tido outro treinador.»

Insiste-se que ainda não encontrou o seu lugar, nem no Barcelona, nem na primeira passagem pelo Chelsea, nem na Seleção… «Todos os profissionais têm de refletir sobre as suas capacidades e a sua postura, não pode ser sempre problema dos outros. Não tenho conhecimento total, no Barcelona e no Chelsea teve contextos mais favoráveis às suas características, por isso deve haver coisas que não sabemos», analisou.

De 2015 a quarta-feira

O jornal apela à memória do treinador, para aquele jogo em que o Benfica ganhou no Calderón por 2-1, na época 2015/16 (30 de setembro de 2015), com reviravolta. Ao golo de Correa para os espanhóis, responderam Gaitán e Gonçalo Guedes. «Para ganhar ao Atlético é preciso fazer sempre um grande jogo, porque o Atlético é muito forte, tem um treinador que sabe muito bem o que é competir na Europa e tem grandes jogadores, muito competitivos.»

E como vê o jogo de quarta-feira? «É muito difícil para as duas equipas, o Benfica está melhor agora, com mais confiança e resultados positivos e joga em casa, onde os seus jogadores se sentem muito confortáveis. Mas o Atlético é uma grande equipa que vai dificultar a vida. Também será importante que o Benfica tenha um dia extra de descanso [Benfica jogou sábado e o Atlético domingo à noite.»