O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, admite que houve falta “de cruzamento de vários ministérios”, justificando assim o erro inicial dos valores alocados ao Desporto no Orçamento do Estado para 2025. De relembrar que, na apresentação do documento, o Desporto surgia com uma dotação de €42,5 milhões, um corte de 15,5% face ao ano anterior, que levou a uma reação enérgica de condenação por parte dos organismos responsáveis pela área em Portugal. No dia seguinte, o Governo, num curto comunicado, retificava o valor para €54,5 milhões, um crescimento de 8,3% face a 2024.
O comunicado sublinhava, então, a existência de uma “inconsistência na classificação dos valores afetos ao Desporto por parte de algumas entidades”. Agora, em entrevista ao “Record”, Pedro Dias explica que “houve falta de três linhas de cruzamento dos vários ministérios que carregam dotações”, ou seja, “verbas alocadas ao desporto” em áreas como a “prevenção, participação desportiva” ou “programas de vida ativa” que estão espalhadas por vários ministérios. O secretário de Estado dá como exemplo o Ministério da Educação, onde estão as atividades escolares, o desporto escolar ou unidades de apoio ao alto rendimento nas escolas.
Ainda na entrevista ao diário, o responsável respondeu também às críticas do movimento associativo, que continua a considerar os €54,5 milhões um investimento parco para o Desporto. Pedro Dias recorda que a “expectativa” tem de ser olhada para a legislatura, a “quatro anos”, e não “a seis meses”. Reiterou também que nestes valores não está o investimento para a preparação olímpica, para a qual Luís Montenegro prometeu um aumento de 20% face a ciclos anteriores.
“Há uma parte importante do programa de Governo que será anunciado nos próximos meses e que vai ter meios a acompanhar para ser implementado”, apontou o responsável, frisando que está a ser feito “um caminho” e que “o atual Governo, o primeiro-ministro e o ministro com a tutela do Desporto” concordaram com a necessidade de “construir de forma partilhada um plano de desenvolvimento desportivo” que agregue “todas as áreas” da governação. Face a anteriores executivos, Pedro Dias acredita que é necessário fazer as coisas “de forma diferente”.
O plano será elaborado com um horizonte de “três ciclos olímpicos, no mínimo de 12 anos”. Em declarações à Tribuna Expresso em agosto, o responsável pela pasta do Desporto apontava para dezembro deste ano a conclusão do já anunciado Plano Estratégico para a Atividade Física e Desporto, uma estratégia que pretende aumentar a prática de atividade física e desportiva da população, diminuir a diferença na prática de atividade física e desportiva entre homens e mulheres, diminuir o nível de obesidade infantil e excesso de peso e aproximar o investimento direto no desporto e indicadores de prática desportiva face à média da União Europeia.