O caso do alegado 'rapto' de Cardoso Varela, jovem de 15 anos formado no FC Porto cuja transferência para o NK Dinamo Odranski Obrez, da Croácia, foi envolta em polémica, foi um dos temas abordados esta terça-feira por André Villas-Boas, presidente dos dragões, na 18.ª Conferência do Conselho de Ministros do Desporto. Aí, o líder dos dragões lamentou o esquema feito por "supostos agentes, que aproveitaram a debilidade financeira da família e desviaram" o jogador, "obrigando-o a fugir do clube que garantia a sua integridade a troco de uma quantia monetária não compensatória".

"O segundo exemplo que gostaria de partilhar é sobre um caso de um jovem, de 15 anos, português, de origem africana, que estava a ser formado no FC Porto, vítima de um processo nebuloso que tem que ter um epilogo que sirva de desincentivo ao crime. Próximo de poder assinar o seu contrato profissional, caiu nas malhas de supostos agentes, que aproveitando a debilidade financeira da família, o desviaram, obrigando-o a fugir do clube que garantia a sua integridade, a troco de uma quantia monetária não compensatória e uma vinculação a uma contratualização leonina que hipoteca o seu futuro desportivo e o seu desenvolvimento humano. O FC Porto assegurava a este jovem formação desportiva e formação escolar, suporte social e psicológico e, sempre em contacto direto com a família, de forma a garantir o seu desenvolvimento como um todo. Quase foi inscrito num clube de uma liga que se escuda num «buraco» legislativo e regulamentar que viola os direitos básicos de integridade. Ali seria sempre e apenas um bem transacionável. Poderíamos ter optado pela via mais fácil. Entrar num leilão desumano, em que os maiores beneficiários seriam agentes que ignoram a vertente humanista do Desporto e clubes que não cuidam verdadeiramente dos seus atletas. Pelo contrário, investimos os nossos esforços na recuperação do jovem, envolvemos as autoridades policiais e jurídicas nacionais e internacionais, promovemos processo junto das instâncias reguladoras, como as instâncias da FIFA. A razão está do nosso lado e esperamos que este caso seja um dos últimos em que jovens jogadores não são protegidos de interesses obscuros. Queremos dar o nosso exemplo, para que os jovens, as suas famílias, os seus clubes não sejam passivos e envolvam as autoridades e, em caso de necessidade recorram às instâncias jurídicas, para que a impunidade e o esquecimento não traiam os ideais do Desporto", referiu Villas-Boas.