Em declaração divulgada depois da notícia dos planos para a segunda retirada dos EUA do Acordo de Paris, o português António Guterres encorajou "as cidades, Estados e empresas dos EUA" a continuarem a "demonstrar visão e liderança", trabalhando para uma economia de baixo carbono.
O apelo soou a uma invocação aos setores abaixo do governo federal, incluindo o setor privado, para se dissociarem da retirada de Trump dos compromissos que a grande maioria dos países subscreve para evitar um aumento das temperaturas no final do século superior a 2 graus Celsius e mantê-lo em 1,5 graus em relação aos níveis pré-industriais.
Sem criticar diretamente Trump, Guterres aproveitou a sua mensagem para lhe recordar o caráter universal e, em alguns casos, irreversível dos acordos climáticos, pactos que se tornaram uma preocupação central do mandato do português.
"As mudanças previstas nos Acordos de Paris já estão em curso. Desencadearam uma revolução energética, oferecendo oportunidades sem paralelo para os países e as empresas investirem em energias renováveis e trazerem emprego e prosperidade para o século XXI", defendeu.
O dirigente da ONU argumentou ainda que os líderes "devem aproveitar estas oportunidades nesta década crítica".
Os Estados Unidos já abandonaram o Acordo de Paris sobre o Clima no primeiro mandato, efetivando a saída três anos após o seu anúncio, em 2020. Um ano após a retirada, Biden reintegrou os Estados Unidos no acordo.
No seu discurso de tomada de posse de hoje Trump anunciou que iria declarar uma emergência energética nacional e que iria "perfurar, perfurar, perfurar", ou seja, regressar aos combustíveis fósseis responsáveis pelo aquecimento global.
Trump prometeu que os EUA voltariam a ser uma "nação manufatureira" e que produziriam "a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país do mundo".
"Vamos baixar os preços, vamos encher as nossas reservas estratégicas até à borda e vamos exportar a energia americana para todo o mundo. Voltaremos a ser uma nação rica", afirmou.
Também prometeu eliminar os subsídios que Joe Biden instituiu para a compra de veículos elétricos.
Além do abandono do Acordo de Paris, a Casa Branca também anunciou hoje outras medidas, como a declaração de uma emergência energética para impulsionar a extração de petróleo no país, a eliminação dos subsídios que Joe Biden estabeleceu para a compra de veículos elétricos ou o fim dos arrendamentos de grandes parques eólicos.
Donald Trump foi hoje empossado como o 47.º Presidente dos Estados Unidos, numa cerimónia no Capitólio em Washington que marca o seu regresso para um segundo mandato na liderança da Casa Branca.
A cerimónia em Washington foi marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com poucos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia, à exceção da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
O político republicano foi Presidente entre 2017 e 2021, após perder a reeleição em 2020 para o democrata Joe Biden, a quem sucede agora no cargo.
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