Os mercados bolsistas asiáticos recuaram hoje, depois de Donald Trump ter aberto novas frentes na ofensiva aduaneira visando certos minerais e produtos eletrónicos, com as restrições impostas à Nvidia sobre os chips a pesaram sobre as ações tecnológicas.

Por volta das 02:30 TMG, o principal índice na Bolsa de Valores de Tóquio, o Nikkei, caía 0,73% para 34.016 pontos, enquanto o índice Topix, mais amplo, caía 0,58% para 2.498 pontos.

A Bolsa de Seul caía 0,60%, enquanto a de Taipé perdia 1,68%. Sydney era a exceção (+0,27%).

Os mercados chineses caíam igualmente: o índice Hang Seng de Hong Kong perdia quase 2%, o índice composto de Xangai perdia 0,52% e o índice de Shenzhen 1,15%.

Os investidores continuam muito nervosos com a guerra comercial iniciada por Washington, que esta terça-feira anunciou a abertura de investigações ao impacto dos minerais críticos e "produtos derivados" (smartphones, veículos elétricos) na segurança nacional dos Estados Unidos, abrindo caminho a mais sobretaxas aduaneiras.

A recuperação das ações do setor automóvel na segunda-feira, depois das declarações conciliatórias de Donald Trump, esgotou-se também rapidamente.

"Os investidores parecem desconfiar das comunicações da administração Trump, que muda frequentemente a sua política de um dia para o outro", lamentam os especialistas da Tokai Tokyo Intelligence, citados pela agência France-Presse (AFP).

Perante as múltiplas reviravoltas de Washington em matéria de guerra aduaneira, "as recuperações de alívio nos mercados parecem mais fracas, enquanto os movimentos de venda maciça são mais fortes", sublinha Stephen Innes, da SPI Asset Management, igualmente citado pela AFP.

"Todas as atenções estão agora viradas para a Ásia: as negociações comerciais de Washington com o Japão, que começam na quarta-feira, parecem ser o primeiro teste real a esta diplomacia da cenoura e do pau", acrescentou.

As ações tecnológicas foram hoje particularmente visadas, na sequência do anúncio de novas restrições dos Estados Unidos às exportações de semicondutores para a China.

A medida poderá custar ao gigante norte-americano dos chips Nvidia 5,5 mil milhões de dólares (4,84 mil milhões de euros) em custos adicionais no primeiro trimestre.

"Esta decisão é alarmante (para os investidores). Mostra o caráter flutuante das tarifas impostas por Trump, ao ponto de ter revogado as concessões anteriormente concedidas à Nvidia", advertiu Vishnu Varathan, do Mizuho Bank, em Singapura, em declarações à Bloomberg. E isso sugere que as reviravoltas "abusivas" poderão agravar as tensões sino-americanas subjacentes, acrescentou.

Os problemas da Nvidia podem gerar um "contágio às ações japonesas de semicondutores", observaram, por outro lado, os analistas da Tokai Tokyo Intelligence.

Por volta das 02:30 TMG, estavam a cair empresas do setor como a Advantest (-5,08%), a Disco Corp (-4,4%) e a Sumco (-3,8%) em Tóquio, e a SK Hynix (-2,9%) em Seul.

Pela mesma hora, o dólar norte-americano continuava a cair em relação à moeda japonesa, perdendo 0,31% para 142,78 ienes por dólar. Já o apetite pela dívida norte-americana, que também foi objeto de desconfiança considerável por parte dos investidores na semana passada, estava hoje estável, com um rendimento de cerca de 4,3253%.

Em contrapartida, e num sinal de nervosismo contínuo, o ouro, refúgio seguro por excelência, continua a atrair investidores, que fogem de ativos de risco e hoje subiu para um novo máximo histórico de 3.275 dólares por onça, ou 1,22%, por volta das 02:30 TMG.

"Os elevados níveis de incerteza, bem como o aumento das compras dos bancos centrais e as expectativas de cortes nas taxas por parte da Reserva Federal dos EUA, continuam a apoiar o ouro", afirmou à Bloomberg Daniela Sabin Hathorn, analista da Capital.com.

Finalmente, apanhado na tempestade alfandegária, o petróleo continua a baixar, com o mercado a manter-se sob pressão face à expectativa de quebras do consumo, incluindo de energia, e após revisões em baixa das expectativas de procura mundial.

Stephen Innes, da SPI AM, adverte que "uma das grandes armadilhas para o petróleo não é tanto o excesso de oferta, mas a degradação macroeconómica".

Por volta das 02:30 TMG, o WTI dos Estados Unidos descia 0,16% para 61,23 dólares por barril e o Brent do Mar do Norte descia 0,14% para 64,58 dólares por barril.