A confirmação da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas apanhou as bolsas chinesas no fecho e marcou negativamente a sessão nas praças europeias esta quarta-feira. Pelo contrário, em Nova Iorque, a vitória de Trump fez disparar os índices em Wall Street e no Nasdaq. O Dow Jones, o índice das 30 cotadas mais importantes do mundo, registou o segundo movimento de subida mais elevado intra-diário, com um ganho de mais de 1300 pontos na sessão da manhã, ficando em segundo lugar depois do máximo de 1412 pontos em 13 de outubro de 2022. No final da sessão da manhã em Nova Iorque, o Dow Jones ganhava 3,1%, o Nasdaq 2,4% e o S&P 500 2,1%.

Depois de ganhos acumulados de mais de 3% no índice global Zhong Hua (que integra as bolsas de Xangai, Shenzhen e Hong Kong em todos os tipos de cotadas), a 4 e 5 de novembro, as bolsas chinesas fecharam esta quarta-feira no vermelho. Esta quarta-feira, este índice de referência caiu 2% e a bolsa de Hong Kong, onde estão cotadas as multinacionais chinesas da tecnologia, perdeu 2,2%. Pesos pesados, como a Lenovo, JD e Alibaba viram as ações cair 4%. A perspetiva de uma escalada no próximo ano na guerra comercial a desencadear por Trump ofuscou a reunião da Assembleia Nacional Popular em Pequim que decorre até dia 8 de novembro e da qual deverá sair o desenho global de um pacote de estímulos para a economia chinesa em desaceleração.

Na Europa, a mesma ameaça protecionista por parte da futura Administração norte-americana e a pressão política de Trump sobre os orçamentos de defesa europeus provocou uma primeira reação negativa das bolsas. O índice MSCI para a Europa (que abrange os 15 mercados desenvolvidos) caiu 2%, o índice específico para a União Europeia (que engloba 13 mercados desenvolvidos e os quatro mercados emergentes mais importantes) perdeu 1%. O índice Euronext 100 caiu 0,9%. O segmento das tecnológicas no índice Eurostoxx 600 recuou 1,4%.

No entanto, as maiores quedas registaram-se em Lisboa, com o PSI 20 a cair 3,3%, e em Madrid com o Ibex 25 a perder 2,9%. Em Lisboa, as maiores quedas foram no sector da energia e em Madrid nos bancos. Dublin e Milão registaram perdas de 1,7% e 1,5% respetivamente. No resto das praças europeias, as quedas foram menores, e dois mercados emergentes registaram ganhos: Atenas e Varsóvia.

Tesla ganha 14% na manhã do dia seguinte

Nas ‘curiosidades’ do dia seguinte às eleições nirte-americanas, a Tesla, de Elon Musk, considerado por Trump como “a estrela em ascensão”, ganhou 14% durante a sessão da manhã em Nova Iorque e a própria empresa do grupo de media e tecnologia de Trump cotada no Nasdaq começou por ganhar mais de 30% na abertura para encerrar a manhã a subir 7%. As duas cotadas que mais subiram em Nova Iorque entre as 30 maiores do Dow Jones foram duas financeiras, a Goldman Sachs, com um disparo de 12% e o banco JP Morgan com uma subida de 11%. O sector financeiro está na expetativa que a Administração Trump amplie a desregulação.

Na América Latina, enquanto a bolsa de São Paulo se mantém no vermelho durante a sessão da manhã, em Buenos Aires o índice Merval subia 3,8% animado pela vitória de Trump.

Em Moscovo, os índices de referência começaram por registar ganhos de 3%, para fecharem em 1,8% no caso do MOEX (cotações em rublos) e 1,6% no RTSI (cotações em dólares).

Preço do ouro cai e Criptomoedas valorizam

O preço do ouro caiu esta quarta-feira 2,6% e a cotação da prata desceu mais de 4%. O movimento de descida abrangeu o grupo dos metais preciosos - ouro, paládio, platina e prata -, com mais destaque para a prata e o paládio (queda de 3,7%).

A onça de ouro, depois de um máximo histórico acima de 2800 dólares, viu o preço cair para menos de 2700 dólares.

No mercado das criptomoedas, o dia foi de euforia depois do anúncio da vitória de Trump. A capitalização global chegou a 2,47 biliões de dólares (2,3 biliões de euros), subindo 6,8%. Mas, na sessão da tarde, o aumento de capitalização moderou-se para 4,6%.

O euro desvalorizou-se 1,8% face ao dólar.