No momento em que entramos em contagem decrescente para a grande festa dos 40 anos da BLITZ, na Meo Arena, em Lisboa, a 12 de dezembro – com concertos de Xutos & Pontapés, Capitão Fausto, Gisela João e MARO –, pedimos a músicos, promotores, jornalistas, radialistas e outras personalidades que vão ao baú resgatar memórias de quatro décadas de história, deixando-nos, também, uma mensagem para o futuro.

“Espero que os próximos 40 anos sejam tão ou mais promissores do que estes que agora se celebram. Não sou nada saudosista, não gosto de usar pretérito perfeito na forma como me expresso e acredito que o BLITZ seja mais futuro do que passado”, defende o radialista Fernando Alvim, responsável, há vários anos, pelo programa “Prova Oral”, na Antena 3. Recorda, contudo, a terça-feira, dia da semana em que saía o jornal BLITZ, como “um dia especial, porque tinha curiosidade em saber o que se passava no meio musical”. “Sobretudo porque, como sempre organizei o Festival Termómetro, também queria saber se se falava no festival, porque isso também era essencial para o sucesso, ou não, do mesmo”.

“Andava sempre atento às bandas, ao que estava a surgir. O BLITZ tinha tanta influência naquele tempo que bandas acabavam se havia uma crítica negativa a um disco ou a uma atuação. Era o fim! Era o fim de uma banda”, relembra ainda Fernando Alvim, “e depois, claro, como qualquer adolescente, adorava a cena dos Pregões & Declarações. Era o que nós comentávamos sempre. Havia aquelas mensagens do ‘vi-te no autocarro, vestias um casaco vermelho e ias com uma amiga’… No fundo, o BLITZ é que instituiu o Tinder muito antes de ele sequer ser imaginado. O Tinder era aquilo, os Pregões & Declarações. Havia ali, também, muita inocência. Era muito engraçado”

Assumindo o contributo para a sua “educação musical” e a sua “exigência”, o radialista defende: “o BLITZ sempre se pautou, a meu ver, por um bom nível de exigência musical. Acho que fez escola a esse nível. A internet ainda não era uma realidade e a informação que nós tínhamos eram o BLITZ, o ‘Melody Maker’ e o ‘New Musical Express’. Eram as três fontes. Eu, na altura, dava os primeiros passos na rádio, também, e todas as informações que dava era à custa de comprar esses três jornais, as minhas grandes referências”. É esse o “legado” que acredita que a publicação deixa: “apontar um caminho que, a meu ver, estava certo. Um caminho de bom gosto, de informação e, sobretudo, de amor pela música. O BLITZ sempre transpirou essa ideia”.