A Comissão Europeia está a investigar a prática da Ticketmaster de aumentar os preços dos concertos com base na procura, os denominados “preços dinâmicos” que estão na ordem do dia no Reino Unido e na Irlanda a propósito da venda de bilhetes para concertos da reunião dos Oasis.

A instituição europeia (que propõe legislação, políticas e programas de ação e que é responsável por aplicar as decisões do Parlamento Europeu) confirmou ao “The Guardian” que está a analisar a fixação de preços dinâmicos no âmbito de um controlo da qualidade da legislação do consumidor da União Europeia. Levantam-se assim questões que rodeiam a prática, com os eurodeputados a poderem debater soluções que poderão ir até à proibição.

Embora o porta-voz do regulador tenha dito que a prática não é ilegal em si, a forma como foi aqui utilizada pode violar as diretivas da União Europeia, nomeadamente quando o preço aumenta depois de um consumidor já ter colocado o bilhete no seu carrinho de compras online. “A lei de protecção do consumidor exige que as empresas sejam justas e transparentes nas suas relações com os consumidores, e as empresas devem fornecer informações claras e precisas sobre o preço que as pessoas têm de pagar. Se não o fizerem, podem estar a violar a lei.”

O jornal inglês cita Lara Wolters, eurodeputada do Partido Trabalhista neerlandês, que considera necessário introduzir legislação que proteja os consumidores contra os preços dinâmicos: “Os únicos vencedores nesta situação são as grandes plataformas de venda de bilhetes, à custa de fãs que se veem excluídos dos concertos. As empresas sabem muito mais sobre os seus clientes do que os clientes sobre as empresas (…) Este não é um sistema que procura maximizar a satisfação enchendo o estádio com os maiores fãs de um artista, mas sim maximizar o lucro da música como se este fosse qualquer outro produto.”

A prática está a ser questionada no Reino Unido, onde preços de alguns bilhetes para concertos dos Oasis subiram de 135 para 350 libras (de 160 para 416 euros). A Ticketmaster defende que o que faz é em tudo semelhante a práticas há muito desenvolvidas por companhias aéreas e hotéis, que aumentam preços com base na procura, salientando que estes preços são definidos pelos artistas e seus representantes. Nem Oasis nem o ‘management’ da banda se pronunciaram sobre o assunto.