Um cenário típico de café emoldurou a conversa entre Francisco Froes e Joaquim de Almeida. Durante o segundo dia do Tribeca Festival em Lisboa, os dois sentaram-se e falaram da carreira do ator e do seu percurso até alcançar o sucesso e conquistar o mercado americano.

Em cerca de 30 minutos, Joaquim de Almeida começou por explicar de onde veio a paixão pela representação. Contou que quando era mais novo via atores nas séries e nos filmes e depois ia às lojas em segunda mão. Comprava roupas velhas, parecidas com a das personagens, e ia para a rua imitar o que tinha visto.

CARLOS PALHAVA PHOTO / SIC

Mais tarde acabou por integrar o conservatório. “Fui lá e fiz os exames”, contou. Apenas fez dois anos, uma vez que a escola acabou por fechar. Em janeiro de 1976 foi-se embora e acabou por ir parar a Viena.

“Quando cheguei a Viena telefonei ao Victorino d’Almeida porque já o conhecia. Perguntou-me onde estava e disse-me para ficar em casa dele. Fiquei lá por uns seis meses e depois casei com uma amiga dele, a minha primeira mulher, uma pianista clássica”.

Acabaram por ir juntos para os Estados Unidos. Joaquim primeiro foi estudar inglês e só depois ingressou na escola de teatro. Ao mesmo tempo começou a trabalhar em bares, que segundo o ator, eram frequentados por mafiosos. Nos anos seguintes foi conjugando as duas profissões até construir uma carreira na área do cinema.

O ator poliglota que fez filmes em vários países

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O ator é fluente em várias línguas, uma característica que foi fundamental desde o inicio e uma rampa de lançamento para o que viria. Esta característica permitiu-lhe criar uma carreira internacional, atuando em vários países como Portugal, Inglaterra, Espanha, França, Itália e Brasil.

“O Good Morning Babilonia (1987) abriu o festival de Cannes. Na altura vinham os espanhóis e faziam a entrevista em inglês com um sotaque estranho e eu pedia se podia fazer em espanhol. Vinham os italianos e faziam a entrevista com em inglês com um sotaque estranho e eu pedia se podia fazer em italiano. Chamaram-me poliglota o que fez com que no ano seguinte me oferecessem quatro filmes em quatro línguas diferentes", contou.

O que mudou na indústria desde que começou? “Mudou tudo”

Sobre a indústria, o ator diz que se vê uma mudança total. “Durante muitos anos, quem era ator de cinema não queria fazer televisão (...) De repente começamos a ver grandes atores a fazer televisão. O streaming mudou tudo”

No final da conversa, Joaquim foi questionado sobre o conselho que daria ao jovem de 20 anos que atravessou o Atlântico para ser ator, mas a conversa resvalou para outro lado. Para a forma como atualmente o mundo está aberto a oportunidades e a indústria já permite um contacto direto em qualquer parte do mundo.

“Hoje em dia podes trabalhar em qualquer parte do mundo. Mandas uma self tape. Já ninguém faz audições presenciais”.