Maria Cerqueira Gomes ficou ‘encurralada’ no violento incêndio que atingiu Albergaria-a-Velha e entrou em direto, via telefone, no ‘Dois ás 10’ para oferecer o seu testemunho a Cristina Ferreira.
A apresentadora explicou que Maria “vinha para Lisboa” e tinha “entrado na autoestrada” e questionou: “Foste apanhada de supresa por tudo isto, penso que agora já estás em segurança. O que começaste a perceber? Como é que está a situação?”.
“Comecei a perceber que havia qualquer coisa de errado visto que o tempo para chegar a Lisboa era nitidamente superior aquele que eu faço e vejo no Waze. A verdade é que esse aplicativo pediu-me para eu sair em Santa Maria da Feira e eu até à zona da Albergaria fiz por estradas, ruelas, floresta e comecei a perceber que, de facto, o céu era cada vez mais escuro. Conseguia perceber que muitas pessoas estavam, como eu, muito perdidas na rota e a certa altura vi-me numa zona em que já não via o carro da frente, com muito fumo e com fogo ao meu lado e sem forma de saída”, relatou Maria Cerqueira Gomes.
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“Não sei se estou a ir para um sítio seguro”
“A verdade é que cheguei a Albergaria e não há saída possível, A1, A8, comecei-me a aperceber disso. As informações são poucas, o que me apercebo também é que o vento é tão forte que o aplicativo é mais lento do que o fogo, manda-nos para locais que já não se consegue passar”, explicou, revelando ter ficado aflita: “Daí a aflição, obviamente”.
“Fui até ao quartel dos bombeiros, onde achei que estava mais segura. Mas o quartel dos Bombeiros de Albergaria é numa zona de fábricas e os bombeiros disseram que o melhor, seria deslocarmo-nos para uma igreja, que eu estou, em câmera lenta, à 30 minutos, a quatro cinco quilometros por hora, a ir em direção a essa igreja. Sendo que é tudo muito incerto, porque eu vejo carros a irem na direção contrária (…) eu não sei se estou a ir para um sítio seguro”.
“Eu tenho o fogo nas minhas costas, neste momento tenho o céu azul, nunca tinha visto… aquilo que nós vemos nos filmes, que nós vemos nas notícias todos os anos, só uma pessoa vivendo é que uma pessoa consegue perceber o que é que estes homens passam e a rapidez disto tudo. Num segundo, sentes a tua vida em perigo”, concluiu.