Recentemente, investigadores estudaram a prevalência num estudo que durou 3 anos de experiência, e esse estudo comprova que os aparelhos auditivos podem reduzir para metade o risco de declínio cognitivo e de demência, abrindo novos caminhos para o estudo da prevenção de demência e reconfigurando os cuidados de saúde mental e auditiva em todo o mundo.
Por mais de uma década, o estudo tinha comprovado que havia uma relação entre perda auditiva e o declínio cognitivo e a demência. Contudo, apenas agora existe uma evidência concreta que demonstra que os aparelhos auditivos (não apenas próteses auditivas, mas também implantes auditivos) podem efetivamente reduzir o risco de declínio mental mais rápido para algumas pessoas. Este estudo durou 3 anos e foram usadas as boas práticas de utilização de aparelhos auditivos, demonstrando que existe um corte significativo no declínio cognitivo para um grupo de pessoas em que o risco de demência seria elevado.
Este estudo debruçou-se sobre uma comunidade de pessoas idosas em que seria incidente o risco de declínio cognitivo e de demência. Este estudo traz um progresso para a compreensão deste problema no mundo inteiro. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) 1,3 triliões de dólares são gastos anualmente nos cuidados que acarretam a demência, em que 50% abrange o custo total que familiares e amigos gastam em 5 horas por dia com os cuidados e supervisão de quem sofre desta patologia.
O estudo fornece evidências poderosas e de alto nível de que os aparelhos auditivos e o tratamento podem reduzir o risco de demência em populações de alto risco. Isso será extremamente útil para médicos em geral, assim como para quem toma decisões e está envolvido em medicina, seguros de saúde, políticas económicas e legislação global.
Porque existe uma ligação entre demência e perda auditiva? Apesar de ainda sejam desconhecidas as causas, existem pelo menos quatro hipóteses gerais que foram propostas:
– Uma delas é a teoria dos múltiplos impactos: doenças microvasculares, placas no cérebro associadas à doença de Alzheimer ou outras condições médicas, quando não são compensadas pela capacidade de ouvir bem, podem levar a uma neurodegeneração acelerada e ao declínio cognitivo.
– Teoria da carga cognitiva: Esforçar-se continuamente para entender a fala pode criar “stresse” ou “carga cognitiva” desnecessária no cérebro, fazendo com que os recursos mentais sejam desviados para o processamento de sons em vez de funções normais, como a retenção de memória e outras atividades cerebrais que podem ajudar a proteger contra a demência.
– Teoria da privação auditiva: A perda auditiva pode causar alterações estruturais à medida que o cérebro reorganiza os seus centros de processamento sensorial (por meio da neuroplasticidade) em resposta à privação auditiva, possivelmente resultando em défices cognitivos em cascata.
– Teoria do isolamento social: A perda auditiva pode causar isolamento social, solidão e depressão, acelerando a atrofia cerebral e levando a uma saúde e função cognitiva mais precárias.
Qualquer um ou todos estes fatores podem ajudar a explicar o porquê de a perda auditiva estar associada à demência.
É interessante ver como vários estudos epidemiológicos ao longo da última década têm encontrado uma ligação entre a perda auditiva e o declínio cognitivo. Frank Lin analisou três estudos anteriores que mostram que a perda auditiva leve pode duplicar o risco de declínio cognitivo, enquanto a perda auditiva moderada e severa pode triplicar e quintuplicar o risco, respetivamente.
Outros investigadores, como John Gallacher e sua equipa no Reino Unido, também encontraram resultados semelhantes. Em 2017, Jennifer Deal e sua equipe nos Estados Unidos descobriram que a perda auditiva moderada a severa aumenta o risco de desenvolver demência em adultos mais velhos. Estas descobertas destacam a importância de cuidar da saúde auditiva para preservar a saúde cognitiva.
Esta pesquisa é muito promissora e pode abrir novos caminhos para a prevenção da demência e para os cuidados de saúde mental e auditiva em todo o mundo. É importante continuar a promover a consciencialização sobre a importância do cuidado auditivo e garantir que mais pessoas tenham acesso a estes dispositivos de tecnologia de reabilitação auditiva, que podem fazer uma diferença tão positiva na qualidade de vida.
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