O autismo, também conhecido como Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), é uma condição do neurodesenvolvimento complexa que afeta as habilidades sociais, comunicação e comportamento de um indivíduo. Compreender o autismo é crucial para criar um ambiente de apoio.
Muitos casos de autismo permanecem sem diagnóstico devido à falta de recursos e conscientização, o que destaca a necessidade de esforços aumentados na identificação e apoio a pessoas com essa condição. A prevalência do autismo aumentou significativamente nas últimas décadas em todo o mundo. Essa tendência ascendente pode ser atribuída a vários fatores, incluindo melhorias no diagnóstico, maior conscientização e mudanças nos critérios de diagnóstico.
Em Portugal, a prevalência do autismo é de 1 em 200 pessoas, com aproximadamente 1 em 160 crianças sendo diagnosticadas com a condição. Atualmente, Portugal é o 24º país com mais diagnóstico de crianças com autismo no mundo.
A PEA significa que esta condição apresenta uma grande variabilidade dos sintomas, desde as formas mais leves até às formas mais graves. Geralmente é diagnosticado na primeira infância e os sintomas podem ser observados no comportamento, interações sociais e habilidades de comunicação de uma criança.
Os sintomas do autismo podem variar bastante, mas alguns sinais comuns incluem: dificuldade em interações sociais e compreensão social; desafios na comunicação verbal e não verbal; comportamentos repetitivos ou interesses restritos; sensibilidades sensoriais; dificuldade em se adaptar a mudanças na rotina, entre outros.
Pessoas diagnosticadas com PEA enfrentam desafios únicos, mas também possuem habilidades e capacidades únicas. Muitas pessoas com PEA têm talentos excecionais em áreas como música, arte, matemática e memória. Valorizar essas habilidades e oferecer oportunidades para pessoas com autismo mostrarem suas habilidades pode contribuir para uma sociedade mais inclusiva.
Criar um ambiente e uma rede de apoio para pessoas com PEA é essencial. Isso inclui aumentar a conscientização sobre o autismo, promover a aceitação e inclusão e fornecer acesso a serviços de apoio adequados. Educar a comunidade sobre o autismo e promover a compreensão e aceitação pode ajudar pessoas com autismo a levar uma vida plena.
Diagnosticar ao PEA envolve uma avaliação abrangente do comportamento e desenvolvimento de uma criança. O diagnóstico precoce é crucial para implementar intervenções que possam ajudar a melhorar a qualidade de vida do indivíduo. Embora não haja cura conhecida para o autismo, programas de intervenção precoce, terapia comportamental, terapia da fala e apoio educacional podem melhorar significativamente as habilidades e a capacidade de um indivíduo de funcionar na vida diária.
Atualmente, inúmeras investigações estão em curso de forma a encontrar tratamentos e intervenções eficazes que possam aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida de pessoas com PEA. Além disso, também são alvo de investigação ativa fatores genéticos e ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento do autismo. Ao identificar esses fatores, espera-se que tratamentos mais direcionados e personalizados possam ser desenvolvidos, levando a melhores resultados para pessoas com autismo.
O potencial do cordão umbilical no tratamento do autismo
A utilização de células estaminais do cordão umbilical como terapia para o PEA tem despertado cada vez mais interesse na comunidade médica e científica. Atualmente existem vários ensaios clínicos a decorrem, que avaliam o efeito da infusão de células estaminais provenientes de sangue e também de tecido do cordão umbilical em crianças diagnosticadas com PEA. Os resultados promissores obtidos em vários ensaios clínicos até o momento indicam que essa abordagem terapêutica pode representar uma alternativa segura e eficaz para o tratamento dessa condição complexa.
Um destes exemplos é um ensaio clínico realizado em crianças com PEA revelou resultados promissores ao utilizar a infusão de células estaminais do cordão umbilical como forma de tratamento. Essa abordagem mostrou-se segura e, além disso, resultou em melhorias significativas nos sintomas apresentados pelos pacientes. Ou seja, neste ensaio clínico, cerca de metade das crianças do estudo, as taxas das escalas clínicas usadas para medição da gravidade de PEA reduziram ao longo do tratamento ao ponto, indicando melhorias significativas e colocando estas crianças numa categoria de sintomas de PEA leve. Esses resultados são consistentes com outros ensaios clínicos que também demonstraram a segurança e eficácia do uso de sangue do cordão umbilical para tratar o PEA.
Outro exemplo é o caso de Salvador, um menino autista português com seis anos, que fez um tratamento inovador, através de um procedimento com as suas células estaminais. Ao fim de três meses foram registadas melhorias dos sintomas de hiperatividade e, entretanto, começou a falar.
Tanto o sangue quanto o tecido do cordão umbilical contêm células que possuem propriedades regenerativas e terapêuticas, capazes de auxiliar na melhoria dos sintomas associados ao PEA. Portanto, é de extrema importância não descartar o cordão umbilical após o nascimento, pois ele pode representar uma valiosa fonte de células estaminais que podem ser utilizadas no combate a essa perturbação e até mesmo em outras patologias.
Portanto, considerando os benefícios potenciais e a segurança comprovada, é fundamental conscientizar a população sobre a importância de preservar o cordão umbilical e considerar a possibilidade de armazenar as células estaminais presentes nele. Dessa forma, poderemos ampliar as opções terapêuticas disponíveis para o tratamento do PEA e de outras condições médicas, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famílias.
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