Dados da Organização Mundial de Saúde evidenciam que 50% da população não realiza a toma dos seus medicamentos de forma adequada. Como consequência direta, 10% de todos os internamentos hospitalares a nível mundial derivam diretamente deste fator.
“Portugal tem uma população muito envelhecida, necessitando cada vez mais de cuidados primários e atenção médica. A solidão é um risco para a saúde e é um dos problemas que mais afeta a população idosa em Portugal”, salienta João Mota.
Além disso, e após uma ampla pesquisa aquando da criação deste projeto, o farmacêutico evidenciou que “a duplicação da medicação é algo extremamente comum por parte dos utentes”. “Esta questão tem um impacto significativo na saúde do doente e até na saúde pública”.
“A aplicação está preparada para identificar situações em que a embalagem é alterada, que passam a existir dosagens diferentes ou o princípio ativo é alterado, e alertar o doente nesse sentido.”
Assim, a TERAH surgiu com o propósito de combater a falta de adesão medicamentosa por parte dos doentes, quer seja não intencional (simplesmente derivada de esquecimento ou de confusão mental), ou intencional (causada por iliteracia relativa à doença e ao processo de cura).
Com uma base de mais de 50 mil medicamentos aprovados pelo Infarmed, João Mota pretende que a plataforma seja também um alicerce para os profissionais de saúde, no sentido em que contenha o historial de cada paciente com a sua toma de medicamentos diária.
“Está previsto que no final do mês a TERAH passe a contar também com uma funcionalidade na qual um profissional de saúde ou um cuidador informal possa aceder remotamente à conta do doente e fazer a gestão que entender necessária”, explica. “O profissional de saúde poderá orientar ou definir um novo esquema terapêutico diretamente na conta do utente. Por sua vez, este último, de forma passiva, passa a receber a medicação ajustada e orientada de acordo com as suas necessidades”.
Disponível para os sistemas Android e iOS, a TERAH conta ainda com um site onde é possível conhecer a equipa de especialistas e esclarecer eventuais dúvidas relativas às funcionalidades da aplicação.
No que diz respeito à utilização da aplicação, João Mota afirma que “o trabalho de produção da TERAH consistiu em mapear todo o conhecimento farmacológico e geri-lo na sua plataforma”. “O doente (ou um responsável pelo mesmo) tem apenas de passar o código dos medicamentos pelo leitor. A aplicação fornece informações sobre os medicamentos, alerta para incompatibilidades entre prescrições terapêuticas, notifica se existem sobreposições, indica a posologia adequada e recomendações sobre a forma de tomar (seja em jejum, antes de deitar, etc). Na hora da toma, é acionado um alarme que pode, além do nome, incluir uma fotografia do medicamento”, esclarece.
E acrescenta: “A partir do momento em que o doente adiciona um medicamento na plataforma, a TERAH consegue visualizar o esquema terapêutico como um todo e detetar situações de duplicações ou de interações medicamentosas.”
Para o futuro, João Mota garante vai imperar o objetivo de chegar a cada vez mais pessoas. Além disso, o farmacêutico pretende que seja possível dar formação a partir da TERAH, incentivando os profissionais de saúde e cuidadores informais a desempenhar uma participação ativa, não só na divulgação, mas também na gestão da medicação dos doentes.
“Mas as expectativas vão muito para além disto. Pretendemos desenvolver uma versão web para permitir maior agilidade na utilização da plataforma. Estamos ainda a desenvolver pontes com softwares terceiros para que a integração da informação na prescrição possa ser canalizada diretamente na TERAH do utente”, conclui.
SO
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