Como surgiu a ideia de se organizar este ciclo de reuniões e curso?
A ideia de se organizar este conjunto de reuniões e curso deveu-se ao facto de serem, frequentemente, estas especialidades (Medicina Geral e Familiar e Pediatria) a terem o primeiro contacto com os doentes com patologias do âmbito da Otorrinolaringologia, sendo importante que consigam fazer o seu diagnóstico e identificar situações que requeiram orientação para a especialidade.
Durante a formação pré-graduada destes clínicos, o período de formação em Otorrinolaringologia é habitualmente de curta duração, sendo este ciclo de reuniões um complemento formativo, uma vez que consideramos que é uma especialidade procurada por muitos doentes e nem todos com necessidade de aceder especificamente à Otorrinolaringologia, podendo ser orientados no seu médico de Medicina Geral e Familiar ou Pediatra.
“Este ciclo de reuniões é um complemento formativo”
As patologias abordadas são as mais comuns na MGF e na Pediatria?
As patologias abordadas serão a otite, a surdez, a vertigem, a sinusite, a patologia laríngea e cervical e as da cavidade oral e da faringe, que são as que mais frequentemente surgem na população geral (adultos e crianças) e, por essa razão, chegam com frequência a estes especialistas.
O curso pode ser complementado com uma formação em Otoscopia. O exame ao ouvido é um dos atos que suscitam mais dúvidas a médicos de MGF e pediatras?
Sim. A otoscopia consiste na visualização da membrana timpânica. Nem sempre é uma observação fácil, pelas múltiplas formas do canal auditivo externo do doente e, por outro lado, pela variabilidade com que a membrana timpânica se pode apresentar, que em alguns casos levanta dúvidas e leva a falsos diagnósticos. Deste modo, este curso complementa, de alguma forma, o conhecimento teórico da otoscopia como técnica de observação e interpretação, com uma abordagem mais prática e interativa deste exame.
Os participantes podem inscrever-se num módulo ou conjunto de módulos, ou apenas no curso de otoscopia, ajustando a formação às suas necessidades de aprendizagem.
“O curso complementa o conhecimento teórico da otoscopia como técnica de observação e interpretação, com uma abordagem mais prática e interativa deste exame”
A aposta nestas formações é também uma forma de otimizar a referenciação para ORL?
Claro, a otimização da referenciação é um dos objetivos, pretendendo-se, deste modo, dotar os clínicos de conhecimentos que lhes permitam identificar e orientar os casos que necessitam de uma avaliação pelo otorrinolaringologista. O nosso principal objetivo é a melhoria dos cuidados de saúde prestados ao doente, diminuindo o risco de complicações do âmbito da Otorrinolaringologia.
“A otimização da referenciação é um dos objetivos”
Permitem também uma maior articulação entre especialidades médicas?
Sem dúvida que este é também um dos objetivos, uma vez que, na prática clínica, não podemos pensar no doente por especialidades. A interação entre as variadas especialidades é muito importante e traz vantagens para o doente e também para os clínicos. Colocar as especialidades a dialogar entre si, discutir casos clínicos, leva ao crescimento de todos.
Podem esperar-se mais ações formativas nos próximos tempos?
Sim, a CUF Academic Center promove frequentemente eventos e formações, na área da Otorrinolaringologia e não só, com o intuito de incentivar a formação contínua dos profissionais de saúde. Este ciclo de reuniões é exemplo disso, uma vez que se prolonga ao longo do tempo (16 de setembro de 2023 a 25 de maio de 2024), num total de cinco sessões.
Informações sobre o ciclo de reuniões “ABC do Otorrino na Criança e no Adulto”
Texto: Sílvia Malheiro
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