Dorothée Munyaneza e Ídio Chichava são os primeiros vencedores do Salavisa European Dance Award, prémio criado pela Fundação Calouste Gulbenkian com o intuito de homenagear o legado do bailarino, professor e diretor artístico português Jorge Salavisa (1939-2020), em colaboração com outras seis instituições artísticas europeias – ImPulsTanz – Vienna International Dance Festival (Áustria), KVS (Bélgica), Dansehallerne (Dinamarca), Maison de la Danse/Biennale de la Danse (França), Joint Adventures (Alemanha), e Sadler’s Wells (Reino Unido).

Um júri composto por três especialistas independentes – a coreógrafa e bailarina Mette Ingvartsen, Nayse López, diretora artística do festival Panorama, e Fu Kuen Tang, produtor e dramaturgo, ex-diretor do Teatro Nacional de Bergen e do Festival de Artes de Taipé –, partiu de uma ‘shortlist’ de cinco para chegar a estes vencedores, que partilharão o prémio de 150 mil euros e, pode ler-se em comunicado da Gulbenkian, "apresentar o seu trabalho nos palcos das instituições culturais parceiras”.

A britânica-ruandesa Dorothée Munyaneza e o moçambicano Ídio Chichava destacam-se, refere o júri, “pelas suas abordagens artísticas particularmente bem-sucedidas nos seus trabalhos recentes, bem como pela profunda ligação que mantêm com os seus contextos artísticos, comunidades e colaboradores".

Dorothée Munyaneza é cantora, música, bailarina, atriz, escritora e coreógrafa. Nascida no Ruanda, estudou música e ciências sociais em Londres, tendo depois trabalhado em Paris com vários coreógrafos. Em 2013, criou a companhia, Kadidi. Para o júri, Dorothée articula "história, trauma, mas também amor e esperança, com uma profunda compreensão do corpo e do seu potencial para contar histórias e criar espaços emocionais”.

Ídio Chichava é bailarino, coreógrafo e diretor artístico da companhia de dança Converge+, em Moçambique, para onde regressou depois de um percurso feito em França. Tem promovido o ensino gratuito da dança junto das comunidades locais, “e investido em produções multidisciplinares e criações colaborativas onde cada um tem espaço para explorar o seu mundo interior”. O seu trabalho é, sublinha o júri, “uma afirmação poderosa da energia coletiva e do desejo de criar e coexistir.”