Muito se tem falado, e bem, sobre o papel da mulher da sociedade. O congresso mundial dos ex-alunos dos Jesuítas que decorreu em Barcelona no passado mês de julho teve também este tema como central na sua reflexão. Neste caso em concreto a professora Núria Calduch, nomeada pelo Papa Bento XVI em 2008 como perita nesta matéria e posteriormente nomeada pelo Papa Francisco como membro (em 2014) e como Secretária (em 2021) da Pontificia Commissio Biblica (entidade estabelecida na cúria Romana para assegurar a interpretação adequada e a defesa da Sagrada Escritura) falou sobre o triângulo Mulher-Igreja-Mundo.
Este papel das mulheres, numa sociedade ainda pouco aberta e sensível e muito enraizada numa tradição judaico-cristã em que o homem tem o papel central, tem que ser revisto, adequado e ajustado. Todos os dias assistimos, felizmente, ao empoderamento de mulheres nas diversas áreas da nossa sociedade, desde a política, à economia, passando pelo desporto e pela ação social. Uma das resoluções (#8) saídas deste congresso mundial refere que compete também aos ex-alunos dos jesuítas contribuir e garantir de forma ativa na sociedade algo tão querido ao Papa Francisco no seu esforço para a reforma da Igreja tornando-a mais próxima e em linha com o Evangelho, em particular: dando aos leigos, em particular mulheres e jovens, um espaço válido onde possam contribuir para a evangelização.
Não são apenas palavras vãs de “meia dúzia” (centenas de milhares) de antigos alunos dos jesuítas. Pretende-se efetivamente que sejam tomadas ações no terreno. Em Portugal, felizmente temos vários exemplos de antigas alunas dos jesuítas que vão contribuindo à sua maneira para tornar o mundo melhor e simultaneamente fazem-no seguindo os ensinamentos de Santo Inácio de Loyola (fundador da Companhia de Jesus) e tendo como base a doutrina social da Igreja. O sermos homens e mulheres para os outros é precisamente isto, estar permanentemente em missão. Sem prejuízo de tantas outras que poderia nomear, não posso deixar de referir a Ana Rita Bessa (ex-deputada e atual CEO da Leya), a Paula Gomes Freire (Managing Partner da VdA), a Madalena Cascais Tomé (CEO da SIBS), a Paula Franco (Bastonária da OCC), a Ana Isabel Telles Beréau (Diretor da Escola de Artes da Universidade de Évora), a Matilde Fidalgo (jogadora da seleção nacional de futebol feminino e a jogar atualmente em espanha) e tantas outras, umas mais conhecidas outras menos, que têm colocado todo o seu Ser naquilo que fazem no dia-a-dia sendo exemplo vivo da Evangelização que o Papa Francisco tanto refere.
Da minha parte, enquanto marido e pai de ex-alunas da Companhia de Jesus, mas também como presidente da direção da Associação dos antigos alunos do Colégio S. João de Brito e candidato à presidência da direção da Confederação Europeia dos Antigos Alunos dos Jesuítas, tomo também como missão esta resolução do Congresso Mundial e contribuirei de forma decisiva para que o papel da mulher na sociedade seja revisto e lhe seja dado o devido espaço para que tenhamos uma sociedade mais justa, mais equilibrada e acima de tudo com mais Amor (algo que é indiscutivelmente um ponto onde as mulheres estão maioritariamente à frente da generalidade dos homens).