A relação entre Portugal e o Japão começou há quase 500 anos quando, em 1543, os navegadores portugueses chegaram à ilha de Tanegashima e foi inaugurada uma era de intercâmbio cultural, comercial e tecnológico que perdura até aos dias de hoje. No final deste mês, vou estar no evento que celebra esta parceria histórica de forma especial: a Festa do Japão. Integrada na programação das Festas de Lisboa, esta festa nos jardins de Belém é sobretudo um tributo à relação duradoura entre os dois países.
Portugal influenciou a cultura japonesa em diversas áreas, desde a introdução das armas de fogo, de novas formas de confecionar alimentos, como a tempura, até novas palavras, como pan (pão), e o cristianismo. Estas trocas não foram unilaterais; a estética e técnicas artísticas japonesas tiveram um impacto importante na cerâmica e azulejaria portuguesas, e resultaram numa fusão de estilos única, que pode ser observada ainda hoje.
Atualmente, esta relação traduz-se em inúmeras oportunidades de negócio e colaboração, em especial na área tecnológica. As empresas japonesas que operam em Portugal trazem investimentos significativos e trazem, sobretudo, muita experiência e valor acrescentado em áreas que considero importantes, como a Internet das Coisas (IoT), a tecnologia operacional e serviços na cloud.
Acredito que estas contribuições são essenciais para a transformação digital em Portugal. Para além disso, permitem-nos criar soluções avançadas para responder às necessidades locais e também posicionar-nos em relação a desafios globais. Mais do que uma festa da cultura, a Festa do Japão em Lisboa oferece-nos a oportunidade de dar destaque a estas colaborações contemporâneas. Através da programação do evento, que inclui demonstrações de arte, culinária e tradições japonesas, os visitantes podem observar a tapeçaria de influências que definem a relação luso-nipónica. Julgo que esta interação pode servir de metáfora para as oportunidades económicas que se desdobram quando se combina a tradição com a inovação. Penso que as empresas modernas devem inspirar-se no passado para criar soluções que respeitem as tradições culturais, mas devem igualmente alavancar as tecnologias mais recentes para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Devemos aproveitar este evento não apenas como uma celebração da amizade e intercâmbio entre Portugal e Japão, mas também como uma mostra das oportunidades que esta relação próxima nos tem proporcionado. Esta festa sublinha a importância de continuarmos a construir sobre esta base sólida para potenciar o desenvolvimento tecnológico e o crescimento económico, em benefício das sociedades portuguesa e japonesa. Num mundo cada vez mais conectado, desejo que a colaboração entre estes dois países continue a ser uma fonte de inspiração e progresso, tal como nos últimos cinco séculos.
Margarida Marques, VP da Hitachi DS para a Europa e Vice-presidente da Câmara de Comércio Luso-Japonesa