Largas centenas de pessoas, maioritariamente mulheres, desfilaram esta segunda-feira ao fim da tarde em Lisboa para exigir o fim da violência de género, apontando ao Estado e à justiça falhas no tratamento e acompanhamento das vítimas.

Sílvia Roque, coautora do livro 'Me Too, um segredo muito público", participou esta segunda-feira na manifestação em Lisboa, que partiu do Largo do Intendente em direção ao Largo de São Domingos, levando um cartaz onde se lia, a propósito do movimento internacional com repercussões em Portugal, que "denunciar não é crime".

O movimento que "deu ânimo" a que muitas pessoas avançassem com queixas não eliminou o receio de o fazer, até porque as vítimas se sentem desprotegidas para o fazer, apontou.

"As pessoas têm de ter muita coragem e têm de ser protegidas para poderem denunciar", disse Sílvia Roque à Lusa.

No entanto, "quando se denuncia as pessoas duvidam das vítimas", ou então os agressores põem as vítimas em tribunal por difamação, "tentando silenciar quem denuncia".

"Denunciar não pode ser crime", alertou Sílvia Roque, referindo a necessidade de uma criminalização mais abrangente do assédio sexual e uma maior aposta na prevenção.

25 mulheres assassinadas desde o início do ano

O Observatório das Mulheres Assassinadas (OMA) da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) contabilizou 25 mulheres assassinadas em Portugal entre o início do ano e 15 de novembro, das quais 20 femicídios (homicídios em que existe violência de género).

Entre esses 20 femicídios, 16 foram cometidos em relações de intimidade, três em contexto familiar não íntimo e um em contexto de violência sexual, disse o OMA na semana passada.

Segundo dados da Polícia Judiciária esta segunda-feira divulgados, entre janeiro e setembro deste ano 344 mulheres foram violadas em Portugal.


Com LUSA