Para Luís Marques Mendes, a operação policial realizada na tarde de quinta-feira na Rua do Benformoso, na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, foi "necessária". Também não tem dúvidas sobre a legalidade da mesma. Quanto à proporcionalidade dos meios utilizados, afirma que “a PSP já deu explicações, mas, se persistirem dúvidas, devem ser chamados os responsáveis ao Parlamento.”

“Ouviram-se críticas que sugerem que esta operação foi inédita. Mas isso não é verdade. Estas operações têm ocorrido ao longo dos anos. Houve várias durante governos anteriores. Uma das últimas grandes operações policiais, onde várias pessoas foram revistadas e encostadas às paredes no Cais do Sodré, aconteceu precisamente durante o governo anterior”, contextualizou Marques Mendes.

Para o comentador, a "necessidade" da operação no Martim Moniz pode ser contestada. “Há um aumento do tráfico de droga e há zonas da Área Metropolitana de Lisboa que são muito sensíveis. É natural que se realizem operações deste género. Aliás, houve várias freguesias que pediram operações deste género". Também a legalidade da mesma “não está em causa”. Já a questão da proporcionalidade "é a mais delicada". Ainda assim, Marques Mendes considera que as explicações da PSP foram satisfatórias. Porém, sublinha: “Se restarem dúvidas, os responsáveis devem ser chamados ao Parlamento, que existe precisamente para isso.”

O comentador deixou ainda "dois apelos" a respeito deste tema. O primeiro, dirigido aos políticos: “Têm todo o direito de criticar, mas, numa matéria tão sensível, devem fazê-lo com equilíbrio e moderação. A PSP e as forças de segurança não pertencem nem ao governo nem à oposição; são do país. Precisam de estar motivadas e prestigiadas. Um discurso moderado é essencial. As forças de segurança não podem ser um saco de boxe da luta política.”

O segundo apelo foi dirigido à própria PSP e às forças de segurança: “Devem atuar com profissionalismo. Não podem comprometer a dignidade e o recato das pessoas. E, igualmente importante, não devem deixar-se instrumentalizar nem pelo governo nem pela oposição, seja ela de esquerda ou de direita.”

O comentário de Luís Montenegro, que está a ser alvo de críticas e levou a uma carta aberta de 21 personalidades, não foi comentada por Marques Mendes.

"Portugueses reconhecem necessidade de imigrantes, mas discordam das políticas de imigração"

Luís Marques Mendes também analisou o novo barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que avalia as perceções e atitudes dos portugueses face à imigração. “Os portugueses concordam que o país precisa de imigrantes, mas discordam das políticas de imigração atuais e defendem que estas sejam mais reguladas”.

De todos os resultados que constam do barómetro, apenas um o surpreendeu: o facto de mais de metade dos inquiridos acreditarem que os imigrantes recebem mais da Segurança Social do que contribuem. “Os imigrantes contribuem hoje mais para a Segurança Social do que aquilo que recebem. Estão a ajudar a pagar as nossas reformas”, afirmou.

Para Marques Mendes, a perceção negativa em relação às políticas de imigração só pode ser ultrapassada através de “debate, pedagogia, esclarecimento e informação”. Nesse sentido, sugeriu que os dados da Segurança Social sejam tornados públicos “com maior frequência e de forma mais clara”. "Se assim acontecer, as perceções das pessoas mudarão”, concluiu.