O Ministro da Saúde croata, Vili Beros, foi detido esta sexta-feira por suspeita de corrupção, no âmbito de uma investigação que alegadamente envolve vários outros altos funcionários croatas, incluindo dois diretores de hospitais.
Sexta-feira pela manhã, o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, disse ter demitido Vili Beros e, pouco depois, anunciou a sua detenção "no âmbito de uma operação realizada por responsáveis do departamento de combate à corrupção".
Fotos de polícias a revistar a casa do ministro em Zagreb foram publicadas algumas horas antes pela imprensa local.
"Relativamente à atuação das autoridades judiciárias, por mais incómodas que sejam para o Governo neste momento, quero dizer que as saúdo e que têm o nosso total apoio", acrescentou o primeiro-ministro.
"O senhor Beros rejeita qualquer responsabilidade criminal", disse a sua advogada Laura Vakovic aos meios de comunicação social, quando questionada em frente à casa do ministro.
O Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (USKOK) afirmou num comunicado que estavam em curso detenções "na região de Zagreb e Skradin (sul) e dizem respeito a várias pessoas".
Esta investigação foi iniciada pela procuradoria europeia, um organismo criado para combater a fraude que afeta as finanças da União Europeia, que tem o poder de investigar e processar quando há suspeita de tais crimes.
"A Procuradoria Europeia em Zagreb abriu uma investigação contra oito pessoas, incluindo o Ministro da Saúde e os diretores de dois hospitais em Zagreb, bem como duas empresas, suspeitos de terem aceite e pago subornos, abuso de posição e branqueamento de capitais", afirmou a acusação.
Segundo este comunicado publicado no seu portal, os factos ocorreram de "junho de 2022 a novembro de 2024". Os suspeitos terão feito com que vários hospitais do país comprassem dispositivos médicos robotizados a preços acima do mercado, em troca de subornos.
Os visados também são suspeitos de captação ilegal de juros.
"Diversos suspeitos ofereceram e entregaram subornos a vários funcionários do sistema de saúde público, incluindo o Ministro da Saúde e os diretores de dois hospitais, para obter o seu apoio na obtenção de diferentes contratos, principalmente no âmbito do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência da Croácia 2021- 2026, financiado pelo Mecanismo de Recuperação e Resiliência da UE (RRF), mas também por outros projetos financiados pelo orçamento nacional croata", segundo a Procuradoria Europeia.
A Croácia há muito que luta para conter a corrupção desenfreada que assola o país, sendo o setor da saúde conhecido pelos subornos regulares pagos a médicos e funcionários públicos.
Vários ministros do partido conservador do primeiro-ministro (HDZ) já se demitiram no passado após acusações de corrupção.
Vili Beros foi nomeado após a demissãodo seu antecessor, Milan Kujundzic, em janeiro de 2020, devido a um processo sobre bens não declarados.