1. O uso protetor solar pode levar à falta de vitamina D

Não. Há uma grande prevalência de falta de vitamina D em Portugal, apesar de ser um país com muito sol. Estudos recentes apontam para uma causa genética. A exposição solar não protegida é o principal risco para o desenvolvimento de cancro cutâneo e envelhecimento precoce da pele. Ninguém deve recorrer à exposição solar desprotegida para obter vitamina D. Há outras fontes de vitamina D, nomeadamente a alimentação e em caso de défice de vitamina D pode sempre recorrer-se à suplementação. Isso vai ser sempre mais saudável do que a exposição solar. Nenhum estudo demonstrou até à data que o uso de protetor solar leva à falta de vitamina D. A fotoproteção deve sempre prevalecer.

  1. A exposição solar melhora a acne

Depois da exposição solar, há uma melhoria aparente do aspeto geral da pele e as borbulhas ficam menos visíveis. Isto ocorre por dois motivos. A coloração bronzeada da pele disfarça visualmente as borbulhas. Além disso, nos primeiros dias após a exposição solar, as borbulhas e marcas de acne tendem a secar, havendo até uma diminuição temporária da produção sebácea. Contudo, estes efeitos são de curta duração, uma vez que o sol estimula a produção das glândulas sebáceas. Aliás aquilo que vemos muitas vezes é um agravamento da acne e da oleosidade da pele alguns dias após a exposição solar, pela hiperprodução sebácea compensatória desencadeada pelo sol.

  1. Pele oleosa não deve ser hidratada

A pele oleosa também deve ser hidratada. Simplesmente com recurso a produtos específicos e adequados, com texturas mais leves e de preferência não comedogénicos e oil-free. Se secarmos demasiado as peles oleosas, isto vai levar à hiperprodução sebácea compensatória e, portanto, a mais oleosidade.

  1. Creme de dia é igual ao creme de noite

As grandes diferenças entre os cremes de dia e de noite prendem-se com as suas funções, isto porque a nossa pele tem diferentes necessidades em cada fase do dia. Desta forma os cremes variam na textura e nos ingredientes que os compõem.

As funções do creme de dia são além da hidratação, a proteção da nossa pele contra os agentes agressores externos como a radiação ultravioleta, a poluição e mudanças de temperatura. Desta forma apresentam ingredientes ativos com características antioxidantes que ajudam as células da nossa pele a combater o stress oxidativo, podem oferecer ainda proteção solar. E no caso de a pele apresentar problemas específicos, como acne, oleosidade ou rosácea, o creme de dia pode também conter ingredientes específicos que combatam estes problemas ao longo do dia. Os cremes de dia apresentam uma textura mais leve e são de absorção mais rápida, o que facilita a aplicação de maquilhagem.

A principal função dos cremes de noite é regenerar a pele e minimizar os efeitos das agressões que a pele sofreu durante o dia. Durante o sono a capacidade de renovação e regeneração celular aumenta e é a melhor altura do dia para o uso de princípios ativos que vão reparar a nossa barreira cutânea, estimular a produção de colagénio e nutrir profundamente a pele. Os cremes de noite apresentam normalmente texturas mais densas e nutritivas, são absorvidos de forma mais lenta e proporcionam uma hidratação mais prolongada. Pelos motivos anteriormente mencionados e pelo facto de, durante a noite, a nossa pele não estar exposta ao sol, podem conter na sua composição substâncias ativas que vão estimular a produção de colagénio e atrasar o envelhecimento da pele, como o retinol, o ácido glicólico, peptídeos, entre outros. Também alguns problemas específicos como manchas, rugas, acne, rosácea, entre outros, podem ser tratados de forma mais intensa nesta altura do dia.

  1. A pele habitua-se aos cremes e estes deixam de funcionar

A pele não se habitua aos produtos, mas sim a pele está simplesmente sempre a mudar e as suas necessidades mudam com o tempo, com a idade, o nível de stress, com a estação do ano, com o clima do país em que estamos e, no caso das mulheres, coma fase do ciclo menstrual e com a entrada na menopausa. Ou seja, um creme que é a dada altura adequado para a nossa pele pode, com o tempo, deixar de o ser. Além disso é natural que durante os primeiros meses de tratamento com determinado cosmético sejam mais visíveis os seus efeitos. Depois esquecemo-nos simplesmente como era a nossa pele sem o seu uso. Um exemplo disso é o uso de cremes com substâncias anti-manchas. A pele simplesmente requer produtos adequados para aquilo que necessita em cada momento.

  1. Pasta dos dentes é boa para tratar borbulhas

Para além de não a fazer desaparecer as borbulhas, pode ainda piorar a sua inflamação, o que pode em último caso deixar manchas e cicatrizes. Poder-se-ia pensar que a presença de substâncias antibacterianas nas pastas de dentes poderia ter um efeito positivo na acne. Mas estes produtos não são formulados para aplicar com segurança no rosto, mas sim nos dentes. O seu uso na pele pode danificar a barreira cutânea e levar ao desenvolvimento de uma dermatite perioral, inflamação semelhante a acne ou rosácea junto da boca. O mais importante em caso de acne é consultar um Dermatologista e ter uma rotina de skincare adequada, o que vai fazer com que as borbulhas apareçam com muito menos frequência e idealmente despareçam de todo. Atualmente há vários produtos cosméticos seguros e testados para p efeito SOS à venda nas farmácias. Por estes motivos desaconselho o uso de pasta dos dentes no tratamento de borbulhas.

  1. Arrancar pelos dos sinais pode causar a sua degeneração para cancro de pele

Arrancar pelos dos sinais não faz mal nem há evidência de que possa resultar em cancro de pele. Na pior das hipóteses aquilo que pode acontecer é uma inflamação no folículo piloso pelo traumatismo mecânico resultante do arrancar do pelo. Em alguns casos, este traumatismo resultante da tração do pelo pode ser de tal ordem que danifica irreversivelmente a zona de crescimento deste, eliminando-o prementemente. Além disso, o facto de um sinal ter pelos não é motivo de preocupação. Por outro lado, os sinais devem ser vigiados e as alterações de tamanho ou mudanças de cor de um sinal devem ser analisadas em consulta

  1. Sinais devem ser mais protegidos do sol do que a restante pele

Os sinais, assim como a restante pele devem ser igualmente protegidos dos da radiação ultravioleta. Não há necessidade de aplicar mais protetor solar sobre os sinais do que na restante pele. O protetor solar deve ser aplicado uniformemente e na quantidade suficiente em toda a pele e reaplicado ao final de 2 horas ou após a ida à água. Deve oferecer uma proteção alta para UVB e UVA. Recordo aqui que apenas 35% dos casos de melanoma surgem a partir de um sinal pré-existente. O que quer dizer que a maioria dos melanomas surge em pele “normal”. Além disso convém não esquecer os carcinomas basocelulares e espinocelulares, os quais são ainda mais frequentes do que o melanoma e não têm qualquer relação com sinais pré-existentes. Estar atento aos sinais e à pele de uma forma geral é extremamente importante (autovigilância), assim como visitas regulares ao Dermatologista.

  1. Os produtos químicos presentes nos protetores solares fazem mal à saúde

As preocupações com o uso de protetores solares são relativas aos filtros químicos. Em 2020 a FDA publicou um estudo, no qual é demonstrado que alguns dos ingredientes presentes nos protetores solares químicos, ao serem absorvidos, são detetáveis na pele e no sangue durante vários dias. Isto levantou questões de segurança, especialmente no caso da oxibenzona, pelos seus potenciais efeitos como disruptor endócrino. Se o uso de protetores solares com filtros químicos, especialmente com oxibenzona constitui um risco para a saúde ainda não foi comprovado. Além disso, a própria FDA afirma que o benefício da fotoproteção supera o eventual risco inerente à absorção sistémica destas substâncias. Contudo, para quem tem preocupações sobre o eventual impacto negativo do uso de protetores solares ao nível da saúde deve optar por protetores solares minerais. A evidência científica mostra a segurança do uso de protetor solar. Quem diz o contrário está mal informado.