O secretário-geral da NATO anunciou querer discutir com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, o reforço de laços da Rússia com a Coreia do Norte, o Irão e a China contra a Ucrânia. “Estou ansioso por me sentar com o Presidente Trump e ver como vamos fazer enfrentar conjuntamente esta ameaça”, disse Mark Rutte à chegada à cimeira da Comunidade Política Europeia, que reúne cerca de 40 líderes em Budapeste. “Agora que os [militares] norte-coreanos estão destacados na Rússia, vemos que cada vez mais a Coreia do Norte, o Irão, a China e, claro, a Rússia estão a colaborar e a trabalhar em conjunto contra a Ucrânia”, acrescentou.
A diplomacia dos Estados Unidos, da União Europeia (UE), da Coreia do Sul e da Austrália advertiram para uma “perigosa expansão do conflito” caso tropas norte-coreanas apoiem a Rússia na Ucrânia, garantindo ainda uma “resposta coordenada”. O envio de tropas da Coreia do Norte para a Rússia e a potencial utilização no campo de batalha contra a Ucrânia merece “graves preocupações” por parte dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos e do chefe da diplomacia da UE.
No mesmo sentido, França anunciou que convocou o delegado-geral da Coreia do Norte para protestar contra o apoio norte-coreano à Rússia. “Seguindo o exemplo de outros países europeus, a França convocou o delegado-geral da Coreia do Norte a 28 de outubro, a quem deixámos bem claro que esse apoio não ficaria sem resposta”, declarou o porta-voz Christophe Lemoine, sem especificar que resposta poderia ser dada.
O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-Yeol, disse que o país não exclui a possibilidade de entregar armas diretamente à Ucrânia, num eventual ajustamento da política de Seul neste domínio. A decisão foi anunciada na sequência de informações que dão conta do possível envolvimento de soldados da Coreia do Norte na guerra. “Dependendo do nível de envolvimento norte-coreano, ajustaremos gradualmente a nossa estratégia de apoio em várias fases. Isto significa que não estamos a excluir a possibilidade de fornecer armas”, declarou o chefe de Estado.
O Presidente da Ucrânia afirmou que as tropas norte-coreanas que combatem ao lado da Rússia contra as forças ucranianas na região fronteiriça russa de Kursk já sofreram as primeiras baixas em combate. “Sim, já houve perdas. É um facto”, disse Volodymyr Zelensky em Budapeste.
Outras notícias do dia:
⇒ O chefe do Conselho de Segurança russo, Sergei Shoigu, defendeu que o Ocidente deve promover negociações para evitar a “destruição do povo ucraniano”. “Agora que a situação não é favorável ao regime de Kiev, o Ocidente tem uma escolha: continuar o financiamento [à Ucrânia] e a destruição do povo ucraniano ou admitir as realidades existentes e começar a negociar”, disse Shoigu, numa reunião de oficiais de segurança dos países vizinhos da Rússia.
⇒ Pouco depois das declarações de Shoigu, o Presidente ucraniano avisou que qualquer cedência do país ao líder russo, Vladimir Putin, será inaceitável. Num discurso perante líderes europeus reunidos em Budapeste, Zelensky sustentou que fazer “concessões a Putin” será “inaceitável para a Ucrânia e inaceitável para toda a Europa”. O líder ucraniano apelou para que os Estados Unidos e a Europa sejam fortes e valorizem as suas relações, ainda que a eleição de Trump lance incerteza sobre os laços de Washington com os aliados e o apoio à Ucrânia.
⇒ Ataques russos que atingiram edifícios residenciais e um hospital em Zaporíjia, no sul da Ucrânia, causaram quatro mortos e 18 feridos, anunciou o governador regional, Ivan Fedorov. “As equipas de salvamento retiraram dos escombros duas crianças e uma mulher feridas”, acrescentaram os serviços de emergência ucranianos.
⇒ As forças russas lançaram um ataque massivo com drones kamikaze Shahed e outros modelos que tinham as cidades de Kiev e Odessa entre os principais objetivos, segundo as autoridades locais. Na capital e arredores, o exército ucraniano abateu mais de 30 drones. Fragmentos de alguns desses drones caíram em áreas residenciais e causaram danos em casas e infraestruturas comerciais. Em Odessa, um edifício de vários andares e um número desconhecido de carros foram atingidos durante o ataque, no qual um homem de 30 anos ficou ferido.
⇒ O primeiro-ministro húngaro defendeu um cessar-fogo na Ucrânia, apontando que a paz “é o segundo passo”, no qual se decidirá depois o que é “aceitável e durável”. “Estou a falar, antes de mais, não da paz, a paz é o segundo passo, [mas] o primeiro passo é o cessar-fogo e a minha preocupação é que, se pensarmos e falarmos demasiado sobre a solução de paz a longo prazo, podemos reduzir as hipóteses de haver um cessar-fogo” agora, afirmou Viktor Orbán.
⇒ A advogada britânica especialista em direitos humanos Helena Kennedy sugeriu o envolvimento de países africanos na pressão sobre Moscovo para libertar dezenas de milhares de crianças ucranianas que foram transferidas para território russo desde o início da invasão. Num evento em Londres sobre “o recurso da Rússia à deslocação forçada na Ucrânia”, organizado pelo centro de estudos Chatham House, a advogada defendeu a formação de uma “coligação de nações” que apoie uma campanha sobre este tema.
⇒ O navio de carga norte-americano Endurance atracou no porto de Setúbal para descarregar material militar, com destino à Ucrânia, que será transportado por via terrestre para uma base militar na Polónia. Fonte portuária indicou sob anonimato à Lusa que elementos envolvidos na operação de transporte terrestre dizem tratar-se de “equipamento militar diverso, proveniente dos Estados Unidos, que tem como destino final a Ucrânia”, no âmbito da ajuda militar do Ocidente ao país invadido.
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