Se é um fã do futebol inglês, o nome certamente não lhe é estranho. Laura Blindkilde Brown é, aos 21 anos, uma das next big things do futebol feminino no país dos Três Leões. Na última terça-feira, a jogadora do Manchester City integrou, pela primeira vez, uma convocatória da seleção principal inglesa, mas a história de uma das grandes promessas inglesas podia ter sido resumida num par de páginas, não tivesse ela sido capaz de fintar... o próprio coração.
Antes de se afirmar como a jovem jogadora do ano no Aston Villa e de ter protagonizado uma transferência avaliada em 200 mil libras – cerca de 240 mil euros – para o Manchester City no último mês de janeiro, Blindkilde Brown esteve muito perto de ter de colocar um ponto final na caminhada desportiva, bem antes de chegar à elite da modalidade.
«O sentimento quando pensei ‘oh, talvez não possa jogar’... É um dos piores sentimentos de sempre», recordou a média, em junho de 2022, numa entrevista ao portal GOAL. Blindkilde – nome que leva na camisola e relativo às suas raízes dinamarquesas – carregou, carrega consigo o peso de uma cirurgia ao coração, essa bomba responsável por levar o sangue a todo o corpo e que, no caso da inglesa, batia num ritmo excessivo.
Taquicardia supraventricular. Foi este o diagnóstico apresentado à jovem, muito antes de se dar a conhecer à Europa com a camisola do Aston Villa. O nome parece complexo, mas a explicação é relativamente simples: o ritmo cardíaco de Laura era anormalmente elevado e a origem estava em problemas na atividade elétrica da parte superior do coração (a taquicardia ventricular, em contraste, está relacionada com a parte inferior do órgão).
Pior do que o diagnóstico foi a informação que veio em conjunto: Brown poderia vir a precisar de colocar um pacemaker, o que ditava de imediato o final da carreira desportiva. Para felicidade da jogadora, não foi preciso chegar a esse ponto e o problema solucionou-se com uma cirurgia cardíaca minimamente invasiva. Para além de representar um tempo de recuperação mais curto, este procedimento significava também que a centrocampista podia voltar a jogar.
Sem mais obstáculos pela frente, nada pôde impedir Laura Blindkilde Brown de triunfar. Fintou o próprio coração como se fosse Ronaldinho, embora diga inspirar-se em Kevin De Bruyne.
Cerca de um mês depois de ter defrontado Portugal ao serviço das sub-23 inglesas, a promissora média salta agora para a seleção A, pronta para causar impacto. A primeira oportunidade, a surgir, é num duelo de alta exigência frente aos Estados Unidos, o tipo de duelo pelos quais batalhou para marcar presença.