O Gender Balance Index 2025 revelou que há 30 bancos centrais liderados por mulheres, um recorde desde que existe este estudo, que vai na sua 12.ª edição. A par disto, três instituições conseguiram alcançar a pontuação máxima de 100 – são elas o Banco Central do Chile, o Ontario Teachers’ Pension Plan e o Norges Bank Investment Management.

Este estudo engloba 335 instituições – 185 bancos centrais, 50 fundos de pensões, 50 fundos soberanos e 50 bancos comerciais.

A nível nacional, pode-se observar que o Banco de Portugal teve uma queda de quatro pontos, para 37. A entidade liderada por Mário Centeno caiu 13 posições no ‘ranking’, tendo ficado na 102.ª. Esta é a única instituição portuguesa visada no índice e destaca-se por ter uma vice-governadora. O banco central tem 27% de mulheres em cargos seniores, de acordo com os dados do estudo.

A primeira instituição europeia no ‘ranking’ é o Banco Central da Suécia, que aparece em segundo lugar, com uma pontuação de 97.

Os fundos de pensões apresentam a melhor pontuação, 50. No entanto, este valor não teve qualquer alteração desde 2024, o que a Official Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF) – entidade responsável por este índice – considera poder indicar uma estagnação do valor, tendo em conta as abordagens atuais. Por outro lado, os fundos públicos duplicaram a sua pontuação desde 2021, tendo atingido 38 este ano. “O progresso é predominantemente impulsionado pelos mercados emergentes”, justifica a OMFIF. Já os bancos centrais alcançaram 40 pontos e os bancos comerciais 42.

Olhando para as lideranças, fica-se a saber que 16% das lideranças nas instituições visadas são mulheres. Apesar de ser um valor recorde para este índice, demonstra uma subida de “apenas alguns pontos decimais” face a 2024. “Os ganhos foram perdidos devido à substituição de mulheres por homens em alguns bancos centrais e fundos de pensões”, esclarece.

Ainda nos cargos de topo, 32% dos cargos seniores são ocupados por mulheres, mais um ponto percentual do que no ano anterior. Já a percentagem de representação feminina nos cargos de vice-governadora ou ‘C-suite’ subiu de 26% para 28%, o que a OMFIF destaca como algo positivo dado que cerca de quatro em cada cinco líderes femininas foram nomeações internas, o que indica “a importância de um universo de forte talento interno”.

Ainda assim, a instituição frisa que apenas 26% dos cargos geradores de receitas são ocupados por mulheres, ainda que a sua presença em comissões executivas tenha melhorado. A OMFIF sublinha que os cargos relacionados com estas áreas são os mais prováveis de levar a nomeações de liderança. Por outro lado, nos campos da tecnologia e dos pagamentos, a representação sobe para 32%, o que a entidade considera positivo dada a importância que estas áreas estão a adquirir.

Liderança americana com os dias contados

O estudo aponta a região da América do Norte como a líder no equilíbrio de género nas suas instituições, mas não ignora as mudanças políticas recentes da administração Trump e como isso coloca o progresso em risco. “Em média, a pontuação das instituições financeiras norte-americanas é 1,5 vezes maior do que a do resto do mundo”, revela o índice.

Os bancos comerciais desta região têm a melhor pontuação, que totaliza 48, “refletindo décadas de iniciativas de diversidade que trouxeram resultados”. Mais ainda, a OMFIF receia o contágio a outras regiões, o que sugere, argumenta, que “os progressos do equilíbrio de género continuam frágeis e podem estar vulneráveis a retrocesso sem um compromisso continuado”.

Sobre os perigos que pairam sobre o progresso, a nota da direção editorial deste estudo reforça o seu compromisso com esta questão afirmando que “nenhuma ordem executiva pode impedir a OMFIF de rever o progresso institucional no Gender Balance Index”.