Esta é a primeira edição do Allergy & Respiratory Summit 2024. Como surgiu a ideia de realizar este evento sobre doenças alérgicas e respiratórias?
É uma ideia antiga, minha e do Dr. Mário Morais de Almeida. Já colaborámos em vários eventos desta área e quisemos fazer um projeto educacional diferente num modelo híbrido. Quisemos fazer um evento, simultaneamente, presencial e digital, porque há muitos profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos – interessados também nesta via digital.
As doenças alérgicas e as respiratórias representam uma área que, nos últimos tempos, tem vindo a crescer e que tem tido cada vez mais importância e relevância na consulta clínica diária do médico de Medicina Geral e Familiar (MGF).
Entendemos que é uma mais-valia significativa criar projetos educacionais nesta área, que vão capacitar os médicos dos cuidados de saúde primários para uma melhor abordagem, uma melhor caracterização, um melhor diagnóstico, tratamento e seguimento dos doentes de acordo com as novas recomendações e o melhor estado da arte médica. Entendemos que é uma mais-valia significativa, dada por um grupo de formadores que tem já uma longa tradição, experiência e efetividade na formação médica contínua.
A coordenação é da sua responsabilidade, que é médico de Medicina Geral e Familiar, e do Dr. Mário Morais de Almeida, que é especialista em Imunoalergologia. Qual é a importância de se juntarem estas duas áreas da Medicina?
Esse comprometimento mútuo tem a ver com o tipo de doença, a alérgica e a respiratória, que são cada vez mais frequentes. Existe uma necessidade crescente de atualização e de enriquecimento do conhecimento por parte dos médicos de MGF.
No fundo, este evento tem por objetivo criar um espaço educacional dinâmico e interativo, de aprendizagem, de atualização e de partilha de conhecimento essencial para a prática clínica diária do médico especialista em MGF, para que seja de excelência e possa fazer toda a diferença na resolução dos problemas de saúde da população.
“As doenças alérgicas e as respiratórias representam uma área que tem vindo a crescer e que tem cada vez mais importância e relevância na consulta clínica diária do médico de MGF”
Este evento é maioritariamente destinado aos médicos de MGF, mas existem outros profissionais de saúde que também poderão tirar partido?
Sim, enfermeiros e até mesmo farmacêuticos. No futuro, a nossa ideia é alargar também ações de formação e educação em saúde a outras áreas profissionais, nomeadamente criar projetos educativos dirigidos a enfermeiros ou a farmacêuticos, porque todos estes intervenientes são importantes na cadeia de prestação de cuidados de saúde em Portugal e podem ter um papel relevante em vários aspetos, não só na informação e educação da população, mas também no que diz respeito às doenças respiratórias crónicas, que muitas vezes dependem de terapêutica inalada, que tem por base a utilização de dispositivos inalatórios.
É importante, não só ensinar a utilizar corretamente o dispositivo inalatório, como também ir reavaliando periodicamente a sua utilização, uma vez que só com uma utilização correta se poderá obter benefícios clínicos.
Os enfermeiros devem estar envolvidos na educação para a saúde e na aplicação de inquéritos e questionários de avaliação de sintomas, no ensino da técnica inalatória, entre outros. Além disso, estão também diretamente envolvidos, por exemplo, na vacinação, que é muito importante na prevenção da doença respiratória.
Realço também o envolvimento dos farmacêuticos na vacinação, como é exemplo a vacinação das pessoas com mais de 60 anos à covid-19 e à gripe, nas farmácias, que está a ocorrer este ano.
Queremos capacitar também estes profissionais nestas áreas do conhecimento. É uma mais-valia significativa e uma oportunidade que temos de atuar a esse nível, com modelos educacionais atrativos para as pessoas que vão ao encontro às suas reais necessidades, àquilo que eles precisam de conhecer e saber no seu dia-a-dia para poderem ajudar as pessoas que recorrem aos seus serviços.
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Quais são os temas que vão ser abordados? Existe algum que queira destacar?
Os temas estão relacionados com as doenças alérgicas e as doenças respiratórias crónicas, nomeadamente a asma, desde o controlo, passando pelo diagnóstico e até ao tratamento; a abordagem dos doentes com DPOC; e o controlo da rinoconjuntivite. Por exemplo, vamos falar também sobre vacinação e a sua importância na prevenção das doenças respiratórias, assim como as vacinas antialérgicas e a sua importância na prevenção destas patologias, na imunomodulação oral, de forma a contribuir para o reforço das defesas imunitárias.
Vamos focar temas como a pneumonia adquirida na comunidade, a urticária, a anafilaxia e a abordagem na consulta de MGF do doente com dispneia, os seus diagnósticos diferenciais e as suas dificuldades. Iremos ainda ter uma sessão muito interessante sobre a interpretação da função respiratória, nomeadamente da espirometria.
Pretende-se que o Summit seja um evento anual?
O Summit vai ser anual. Esta edição irá ser realizada em Lisboa, nos dias 1 e 2 de fevereiro, no VIP Executive Entrecampos Hotel & Conference.
Em princípio, a edição do próximo ano será no Porto. Vamos tentar realizar estas edições de forma descentralizada, num ano em Lisboa, no outro no Porto ou em outra cidade que nos pareça pertinente. Porque há cada vez mais uma dificuldade de os médicos terem apoios para se deslocarem, consideramos adequado que seja o próprio Summit a rodar e a ser realizado em localidades com uma maioria de pessoas interessadas em participar e beneficiar deste summit, de forma a adquirir conhecimento, que pode ser transformador para a sua atividade clínica diária.
“O Summit vai ser anual”
Relativamente às doenças alérgicas e respiratórias, que afetam uma grande parte da população. Quais são as patologias mais frequentes?
Nas doenças respiratórias crónicas, a patologia mais frequente é a rinoconjuntivite, seguida da asma e da DPOC.
Temos também doenças que começam a ter uma relevância maior, como as alergias alimentares, as medicamentosas e a urticária. São situações que começam a ter uma prevalência maior. Além disso, temos as doenças infeciosas, que são as que mais afetam a população. O que mais leva à procura de cuidados são as doenças infeciosas agudas, nomeadamente as infeções das vias aéreas superiores ou vias aéreas inferiores. Temos de estar cada vez mais atentos e alerta para o impacto da poluição atmosférica e das mudanças climáticas, como propiciadores do desenvolvimento ou agravamento de doenças respiratórias e alérgicas.
Daí que, no âmbito da MGF, a prevenção através da vacinação seja um instrumento de que o médico pode dispor, que é importantíssimo e vital, para que as pessoas não corram riscos acrescidos de contrair doenças infeciosas que sejam evitáveis e preveníveis pela vacinação.
Quais são as suas expectativas para este Summit?
As nossas expectativas são elevadas. Neste momento, posso dizer que, entre os participantes presenciais e os que vão estar connosco via digital, contamos ultrapassar as 500 inscrições, o que, para uma primeira edição, é algo inédito a nível do panorama educacional médico nacional.
CG/SM
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