De acordo com a especialista, a principal razão é “a falta de literacia, que está ligada a vários outros motivos”. “Existe uma subvalorização da asma, do seu impacto na vida dos doentes e, de uma forma global, do problema de saúde pública que representa”. Isto apesar de “uma asma não controlada poder conduzir a várias agudizações, que podem ir de ligeiras até muito graves, com necessidade de internamento e tratamento nos cuidados intensivos e com perigo de morte”.
A especialista refere que ainda que “uma asma não controlada significa uma enorme perda de qualidade de vida e um aumento drástico nos custos envolvidos”. “Para além disso, a eventual necessidade de fazer tratamento com corticoides orais e ciclos de antibioterapia e reforço do tratamento inalado pode levar a alguns efeitos secundários mais graves.”
Recorde-se que “a asma é uma doença respiratória, de caráter inflamatório, com manifestações clínicas muito diferentes e cuja intensidade também varia ao longo do tempo”. “Normalmente associamos a sintomas como pieira ou sibilância, tosse (predominantemente seca), falta de ar ou sensação de aperto no peito, sintomas que podem surgir espontaneamente ou desencadeados por grande exposição a alergénios, esforço, diferenças de temperatura, poluição, exposição de fumo do tabaco, infeções respiratórias por vírus, as mais frequentes, entre outros”.
No entanto, controlar a doença não é uma tarefa impossível, segundo a especialista. Pelo contrário, “a adesão ao tratamento com terapêutica inalatória, na esmagadora maioria dos casos, leva a um controlo sem perda qualidade de vida, sem aumento dos custos, com menos riscos e eventuais agravamentos das comorbilidades existentes. Quando a pessoa é cumpridora do seu tratamento, as doses necessárias são mais baixas e de atuação ‘local’, uma vez que estamos a utilizar terapêutica inalatória para uma doença respiratória.”
Cláudia Vicente explica ainda que existem vários tipos de asma, “a alérgica, que é o tipo mais facilmente reconhecido, habitualmente associado a uma história passada e/ou familiar de doença alérgica; a asma não alérgica, em que o tipo de inflamação é diferente, pelo que não costumam responder tão bem aos corticóides inalados; e a asma variante com tosse, considerado quando o único sintoma presente é a tosse e a evidência de limitação do fluxo de ar pode apenas manifestar-se durante testes de provocação”.
É para colmatar a falta de conhecimento sobre a asma que, a propósito do Dia Mundial da Asma, se lança a campanha “Hoje vou saber mais sobre…“, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Asmáticos (APA), Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP), Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Associação Nacional das Farmácias (ANF), Unidade de Saúde Familiar Associação Nacional (USF-AN) e a AstraZeneca, desenvolvida em formato de videocast, que conta com a apresentação do médico João Carlos Ramos, conhecido do público português e que será composta por sete episódios, cada um dos quais sobre um tema relacionado com a doença.
Ao longo dos episódios deste videocast, vão ser abordados temas desde os cuidados que um cuidador deve ter, riscos de auto-medicação, sinais de alerta, entre outros. No primeiro episódio os convidados são as crianças, que de forma genuína e simples falam sobre o que entendem por asma e quais os principais sintomas que reconhecem.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Asma, Cláudia Vicente reforça ainda a importância de “as pessoas com asma e os seus cuidadores procurarem conhecimento na área, de forma a estarem aptos e capacitados para gerirem a sua asma”. “A adesão ao tratamento é fundamental. Gostaria que tivessem em mente que uma pessoa com asma deveria ter uma vida livre de sintomas e é nesse sentido que devemos todos trabalhar.”
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