O Chega poderá vir a viabilizar o Orçamento do Estado caso não venha a ser alcançado um acordo com o PS. A notícia de um eventual voto favorável tinha sido avançada pelo Correio da Manhã, mas André Ventura disse que esta terça-feira ainda não é o dia para anunciar uma decisão.

“O país conhece-me relativamente bem para saber que quando tivermos um anúncio sobre o Orçamento do Estado o faremos”, disse o líder do Chega, no Parlamento, onde fez uma declaração sobre as medidas do Governo para os Media.

Todos sabem e eu sempre disse que tudo faríamos para evitar uma crise política”, afirmou ainda o líder do Chega, antes de entrar para a reunião do seu grupo parlamentar à qual disse que não irá levar qualquer proposta de votação do OE, mas apenas ouvir o que os deputados têm a dizer.

Para a aprovação do Orçamento do Estado o “tudo” de Ventura tem de ser o voto a favor, uma vez que abstenção dos 50 deputados do Chega não é suficiente para uma maioria favorável. Já o PS consegue garantir a viabilização apenas com a abstenção.

À saída da reunião com os deputados, Ventura continuou sem dizer o que irá fazer, mas considerou que a proposta que vai ser entregue no parlamento na quinta-feira é “do PS e do PSD”.

Este não é o nosso orçamento, este é o orçamento do PS e do PSD”, afirmou André Ventura, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, no final de uma reunião com o grupo parlamentar que durou cerca de duas horas e meia.

O presidente do Chega manteve, assim, a ambiguidade sobre a posição do partido, depois de nas últimas semanas se ter posto fora das negociações do orçamento, afirmando ser uma posição irrevogável, e ter anunciado o voto contra.

“Certamente que quando o Orçamento for divulgado que haverá uma posição do Chega sobre isso”, disse este terça-feira, acrescentando: “Os cenários que estão em cima da mesa são os mesmos. Nós tudo faremos para evitar uma crise política”.

À semelhança do que tinha dito à entrada para a reunião, o líder do Chega disse que esteve a ouvir a posição dos deputados e que não apresentou nenhuma proposta ao grupo parlamentar. Ventura insistiu que a sua opinião é conhecida e disse que “houve muitas posições” transmitidas por parte dos deputados.

Nós estamos no mesmo sítio onde sempre estivemos”, defendeu André Ventura, considerando que o “país não quer eleições e quer evitar uma crise política”. “Desde o início a posição do Chega foi clara, a minha posição foi clara, e sei quem esteve do lado permanente de inviabilizar qualquer entendimento e qualquer negociação e quem não esteve”, acrescentou.

O líder do Chega, que chegou a ter mais do que uma reunião com o primeiro-ministro na residência oficial, em São Bento, não quis revelar se houve conversas ou negociações com o Governo nos últimos dias. “Não vou fazer neste momento nenhum comentário sobre isso, por uma razão: o Orçamento do Estado é entregue na quinta-feira, acho que o meu dever e o meu sentido de responsabilidade leva-me a entender que neste momento não devo fazer comentários sobre qualquer diálogo”, afirmou.